Portabilidade do vale-refeição é um desafio para empresas
Ainda está pendente a regulamentação da lei que permitirá aos trabalhadores optarem pela empresa que administrará os seus benefícios de vale-alimentação ou vale-refeição. Prevê-se que essa aprovação ocorra somente no próximo ano.
No ano que vem, os trabalhadores também poderão desfrutar de uma significativa inovação: a liberdade de utilizar seus benefícios em qualquer estabelecimento que aceite, independentemente da empresa fornecedora. Isso ampliará consideravelmente as opções disponíveis para eles.
As novas regras, aprovadas por uma lei de setembro de 2022 e que originalmente entrariam em vigor neste mês, foram postergadas para 1º de maio de 2024. A razão do adiamento foi uma medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após o governo federal e o Banco Central não terem chegado a um consenso sobre a regulamentação das medidas.
Embora a portabilidade e a opção do trabalhador de escolher qualquer restaurante só se tornem efetivas em 2024, outras alterações na utilização do vale-alimentação e do vale-refeição, estipuladas na lei de 2022, já estão em vigor.
A principal delas limita a utilização do benefício exclusivamente para a compra de alimentos, proibindo a aquisição de outros itens como bebidas alcoólicas, cosméticos, produtos de limpeza e higiene, entre outros. Anteriormente, os trabalhadores podiam adquirir estes produtos e utilizar o vale-alimentação como forma de pagamento. Agora, as empresas que permitirem a utilização do benefício para fins não alimentícios poderão ser penalizadas com multas de R$ 5 mil a R$ 50 mil.
Proibição para desconto para empregadores no vale-alimentação
Uma outra modificação já está em vigor: as empresas de vale-alimentação estão impedidas de conceder descontos aos empregadores. Essa prática, conhecida como rebate, era comumente utilizada por grandes corporações para atrair clientes.
Ademais, outra proibição que passou a valer no ano passado foi a do pós-pagamento. Este método permitia que as empresas de benefícios oferecessem prazos prolongados aos empregadores para a quitação dos benefícios, uma circunstância que também influenciava a competição no setor de vale-alimentação e vale-refeição. Este mercado movimenta cerca de R$ 150 bilhões por ano no Brasil e é atualmente dominado por Sodexo, Alelo, Ticket e VR. No entanto, novas empresas têm ingressado neste setor nos últimos anos, intensificando a concorrência.
Com a modernização da legislação, a expectativa é de um aumento ainda maior da competitividade neste setor, que ainda apresenta um grande potencial de crescimento.
Vale-refeição dura menos de um mês
Um estudo conduzido pela Sodexo revelou que, em média, o saldo do cartão vale-refeição dura 11 dias por mês, uma redução de dois dias em relação a 2022. A principal causa dessa mudança foi a inflação. Segundo a Sodexo, empresas de todas as dimensões aumentaram os valores dos benefícios em 2023.
Isso significa que os brasileiros estão arcando com mais da metade das suas refeições mensais do próprio bolso. O estudo da Sodexo baseou-se num valor médio de R$ 40,64 por refeição.
Compreendendo a portabilidade do vale-refeição: o que muda?
Em essência, a portabilidade do vale-refeição significa que o trabalhador terá a liberdade de escolher qual empresa será a responsável por seu vale-refeição ou vale-alimentação. Anteriormente, essa decisão era tomada unicamente pela empresa empregadora. Com a portabilidade, as coisas começam a mudar.
Em termos simples, imagine que o vale-refeição seja como um plano de celular. Antes, o empregador escolhia o “plano” por você. Agora, você terá a capacidade de escolher o plano que mais se adequa às suas necessidades.
Esta mudança promete trazer mais flexibilidade e escolha para os trabalhadores. No entanto, também representa um desafio para as empresas, que precisarão adaptar suas práticas e estratégias para se adequar a essa nova realidade.
O desafio da portabilidade para as empresas: aspectos a considerar
Com a portabilidade do vale-refeição, as empresas enfrentam um novo cenário, cheio de desafios.
Primeiramente, as empresas precisarão reconsiderar suas ofertas de benefícios. Como os trabalhadores agora têm o poder de escolha, as empresas de vale-refeição precisarão tornar seus serviços mais atraentes. Isso pode envolver a oferta de mais benefícios, melhores taxas, mais opções de restaurantes, entre outros atrativos.
Além disso, o atendimento ao cliente também será fundamental. Como a competição deverá aumentar, o diferencial no tratamento dado aos trabalhadores pode ser um fator de decisão.
Para as empresas empregadoras, a gestão dos benefícios também pode se tornar mais complexa. Se antes era apenas uma empresa administrando o vale-refeição para todos os funcionários, agora cada um pode optar por uma diferente. Isso exigirá um controle mais apurado para garantir o pagamento correto dos benefícios.
Impacto da portabilidade no setor de benefícios corporativos
A portabilidade do vale-refeição provavelmente aumentará a competição entre as empresas que oferecem esses benefícios. Agora, em vez de competir apenas pelo negócio do empregador, essas empresas também precisarão atrair os próprios trabalhadores. Isso pode resultar em melhorias significativas na qualidade dos serviços oferecidos.
Além disso, a portabilidade poderá dar um impulso à inovação no setor. Para se destacarem, as empresas podem começar a introduzir novos recursos ou benefícios, como apps de fácil utilização, programas de fidelidade, parcerias com uma variedade maior de restaurantes e estabelecimentos, entre outros.
A nível de empresa, essa mudança também poderá ter um impacto significativo na gestão de benefícios. As empresas precisarão adaptar seus sistemas e processos para lidar com a variedade de provedores de benefícios escolhidos pelos seus funcionários.
Em conclusão, a portabilidade do vale-refeição tem o potencial de transformar o setor de benefícios corporativos, incentivando a competição, a inovação e a melhoria dos serviços.
Como a portabilidade pode afetar a escolha do trabalhador
Essa é uma revolução que coloca o poder nas mãos dos funcionários, mas como isso pode mudar suas decisões?
Bom, antes de tudo, os trabalhadores agora têm mais autonomia. Eles podem escolher o provedor de benefícios que melhor atenda às suas necessidades e preferências. Por exemplo, eles podem optar por um provedor que seja aceito em uma maior quantidade de estabelecimentos em sua região, ou um que ofereça um app mais fácil de usar.
Adicionalmente, a portabilidade pode incentivar os trabalhadores a pesquisarem e compararem diferentes provedores de benefícios. Eles podem começar a levar em consideração fatores como taxas, qualidade do serviço, atendimento ao cliente e benefícios adicionais na hora de fazer sua escolha.
Também vale ressaltar que a portabilidade poderá trazer um sentimento de valorização para o trabalhador. Ao ter a oportunidade de escolher o provedor do seu benefício, o funcionário passa a se sentir mais considerado e valorizado pela empresa.
A portabilidade do vale-refeição pode trazer impactos significativos na escolha do trabalhador, oferecendo a ele mais poder de decisão e valorização.