O Governo Federal anunciou na última semana que recuou da decisão de acabar com a isenção de importados de até US$ 50. Com a decisão, pessoas físicas poderão seguir enviando produtos para pessoas também físicas dentro deste valor. A notícia do recuo por parte do poder executivo acabou pegando muita gente de surpresa.
Mas afinal de contas, qual foi o motivo do recuo do Governo? Por que o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) mudou radicalmente o discurso em relação ao tema em um intervalo de poucos dias? Segundo informações oficiais confirmadas pelo chefe da pasta econômica, o motivo responde pelo nome de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O presidente fez o pedido pessoalmente.
“O presidente nos pediu ontem para tentar resolver isso do ponto de vista administrativo. Ou seja, coibir o contrabando. Nós sabemos que tem uma empresa que pratica essa concorrência desleal, prejudicando todas as demais empresas”, disse o Ministro da Fazenda na última semana, ao reconhecer que o Governo Federal vai mesmo recuar da decisão de acabar com a isenção.
O pedido de Lula foi feito em um contexto de repercussão negativa do caso. O presidente fez uma viagem para a China na última semana, e viu toda a discussão ganhar força, sobretudo nas redes sociais. Informações de bastidores indicam que a primeira-dama, Janja Silva foi uma das vozes que teriam convencido o presidente a pedir ao Ministro da Fazenda para desistir do processo.
Dados recentes divulgados pela Quaest mostram que Lula tem um argumento prático para ser contra o fim da isenção. Segundo o levantamento, boa parte dos brasileiros se incomodou com a ideia do Governo Federal. A maioria dos cidadãos que viram algo de errado na nova gestão apontaram o caso Shein como o ponto mais negativo do mandato até aqui.
Empresas asiáticas já são uma realidade no comércio eletrônico do Brasil. Dados mais recentes do Governo Federal indicam que sete em cada dez brasileiros que costumam fazer compras online, já compraram algum item em lojas de empresas chinesas. Companhias como Shein, Shopee e AliExpress estão ganhando cada vez mais clientes brasileiros.
Embora o Ministro da Fazenda venha dizendo que desistiu de acabar com a isenção para importados, o mesmo não se pode dizer da taxação. O Governo Federal deverá seguir buscando alternativas de taxar os produtos, mas como fazer este movimento, ainda está em discussão por membros da pasta.
Nos últimos dias, o Ministro Fernando Haddad vem recebendo uma série de representantes de varejistas brasileiras para debater o tema. A ideia é encontrar uma forma de taxar as empresas estrangeiras e ajudar no processo de competitividade na indústria local.
Uma das ideias que está em discussão é a que aponta para a taxação já no processo da compra do produto. Desta forma, a empresa internacional não teria saída a não ser repassar o imposto para o consumidor. Esta possibilidade, no entanto, ainda não está confirmada de maneira oficial pelo Governo Federal.
Haddad também se reuniu com membros da empresa Shein na última semana. De acordo com o Ministro da Fazenda, a conversa teria sido produtiva. Entre outras coisas, os diretores prometeram nacionalizar 85% da sua produção, e criar mais de 100 mil novos empregos no Brasil.
“É muito importante que eles vejam o Brasil não apenas como um mercado consumidor, mas também como uma economia de produção”.
“Vai ganhar o comércio, a atividade econômica. Vamos ter geração de emprego. Estamos no caminho que parece justo”, disse Haddad. O encontro em questão aconteceu em São Paulo. Novas reuniões com representantes da Shein devem acontecer nas próximas semanas.