Dados oficiais da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que o número de jovens com plano de saúde vem caindo com força nos últimos meses no Brasil. Ao mesmo o passo, a quantidade de idosos mais velhos que optam por entrar neste sistema de seguridade aumentou de forma expressiva neste mesmo período.
Os dados mostram que o número de beneficiários de planos de saúde na faixa etária dos 20 aos 39 anos caiu 7,6% entre o anos de 2013 e de 2023. Ao mesmo passo, o número de idosos com mais de 60 anos que aderiram ao sistema de planos de saúde subiu 32,6% neste mesmo período. Há, portanto, um descompasso que preocupa as empresas.
A faixa que registrou a maior queda foi a dos 25 aos 29 anos. Neste caso, houve uma redução de 18,1% no decorrer dos últimos 10 anos. Do outro lado, o grupo de idosos com idade entre 70 e 74 anos aumentou 41,9%. A segunda faixa com maior aumento compreende as pessoas que têm acima de 80 anos, com crescimento de 39,5%.
“O progresso material e os avanços da Medicina estão permitindo que a gente viva mais. O que chama a atenção é a velocidade com que esse processo está acontecendo. O que estamos vivendo em 20 anos, países europeus demoraram mais de cem anos para viver”, diz José Cechin, superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
Todo este desequilíbrio está preocupando as empresas que comandam os planos de saúde no Brasil. Segundo os especialistas, tais companhias precisam encontrar uma maneira de equilibrar o processo para que elas não entrem em colapso. Se nada for feito, na melhor das hipóteses, os preços dos planos terão que ser elevados com muita força.
Qual o motivo da preocupação?
Mas o que todos estes números divulgados pela ANP querem dizer? Por que, afinal de contas, há uma sensível preocupação com a situação do desiquilíbrio entre a queda no número de jovens que fazem parte do sistema e o aumento dos idosos que aderem aos planos de saúde?
Em primeiro lugar, é importante lembrar como funcionam os planos de saúde. Seja jovem ou idoso, o cidadão que entra neste sistema precisa pagar uma mensalidade. Contudo, os gastos maiores destas empresas são com os idosos, já que eles normalmente possuem mais problemas de saúde.
Neste sentido, há uma espécie de equilíbrio. O alto número de jovens no sistema faz com que os planos usem normalmente este dinheiro para cobrir os gastos dos seus clientes mais idosos. Quando os jovens de hoje envelhecerem, eles seriam “bancados” pelos pagamentos dos mais jovens daqui a algum tempo.
Em última instância, seria um sistema semelhante ao que acontece hoje no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Todos os contribuintes fazem os seus pagamentos. Os valores que são pagos pelos trabalhadores ativos são repassados para os aposentados, em um sistema de equilíbrio de forças.
Mas quando o número de jovens diminui, o valor dos recebimentos destes planos também diminui. Sobra, portanto, menos dinheiro para pagar os serviços do plano de saúde para os mais idosos, que precisam de mais cuidado, e que estão cada vez mais aderindo aos planos, como visto nos dados da ANS.
É justamente este o principal medo das empresas responsáveis pelos planos de saúde no Brasil. Elas temem que a situação entre em um desequilíbrio, e a baixa quantidade de pagamentos das mensalidades dos jovens não seja mais suficiente para pagar as necessidades dos mais idosos.
ANS está preocupada com os planos de saúde
“As receitas advindas das mensalidades parecem estar estagnadas, especialmente nas grandes operadoras. Essa análise é compatível com o recente histórico do mercado de saúde suplementar: apesar do expressivo aumento de beneficiários desde o início da pandemia, a sinistralidade não foi tão bem controlada”, disse a ANS em nota.