Nesta terça-feira (16), a Petrobras fez um anúncio que balançou o mercado financeiro e o mundo político. A estatal decidiu acabar com o sistema de Paridade de Preços Internacional (PPI). O sistema criado em 2016 definia os valores do litro do combustível sempre com base nos valores que estavam sendo praticados ao redor do mundo.
Desde o anúncio, um grande debate em torno do tema se formou nas redes sociais. Muitas pessoas ainda não entenderam como este sistema vai funcionar de fato, e como ele vai impactar a vida de milhões de brasileiros. Neste sentido, separamos abaixo alguns pontos importantes para entender o novo formato.
Preço internacional vai seguir impactando?
Sim. De acordo com a Petrobras, o fim do PPI não significa dizer que os preços praticados no Brasil serão totalmente desvinculados da atividade internacional. Em entrevista, o presidente da estatal, Jean Paul Prates disse que não se pode seguir o exemplo de países como Bolívia e Venezuela neste sentido.
“A nossa proposta deverá ser a mesma de qualquer empresa que faz os seus preços. Mas mesmo os países que são autossuficientes em petróleo não podem se desgarrar completamente do impacto internacional. Ele vive na comunidade internacional. Os países que fizeram isso (deixaram de considerar os preços internacionais) não se deram bem”, disse o presidente da Petrobras.
“Eles (os países) deram de graça gás, como no caso da Bolívia, ou diesel, como no caso da Venezuela, para os seus cidadãos acreditando que iam turbinar a economia com um combustível totalmente desgarrado da lógica internacional. Isso não dá certo também”, seguiu Jean Paul Prates.
O valor vai cair mais durante o ano?
A Petrobras afirma que novas quedas nos valores do combustível podem acontecer no decorrer dos próximos meses. Contudo, a estatal afirma que haverá um preço máximo e um preço mínimo, e que não poderá vender o combustível para um patamar abaixo daquele saldo que é considerado de lucro para a empresa.
“Nós vamos implementar este modelo aos poucos. Aliás, nós já vínhamos implementando ele desde o início do ano. Nós não podíamos anunciar antes das devidas aprovações internas.”
O valor pode voltar a subir?
Mesmo com o fim do PPI, analistas afirmam que a redução dos preços dos combustíveis no Brasil a partir desta quarta-feira (17) está muito mais ligada a um cenário de queda de preço do barril de petróleo em todo o mundo.
Neste sentido, uma pergunta fica no ar: e se o barril de petróleo voltar a subir mundialmente? De acordo com a Petrobras, neste caso o preço do combustível no Brasil poderá voltar a subir mais uma vez, mas o aumento não ocorrerá na mesma velocidade e nem na mesma proporção que eram comuns no sistema do PPI.
Petrobras vai manipular o preço dos combustíveis?
Um dos pontos de maior preocupação para o mercado financeiro é saber se este novo formato de definição dos preços dos combustíveis no Brasil pode acabar gerando um problema sério para a economia. Eles temem que o cenário visto em 2014 se repita, e a estatal manipule os preços dos combustíveis com o objetivo de não elevar a inflação.
A Petrobras argumenta que não há chances de o mesmo cenário se repetir porque hoje existiriam mais caminhos de denúncias para os casos de subsídios ou de manipulação dos preços, e que estas denúncias poderiam ser feitas pelas próprias concorrentes da estatal.
Os novos preços
De acordo com a Petrobras, a primeira leva de redução de preços está valendo desde esta quarta-feira (17). Veja na tabela abaixo:
– Gasolina: – R$ 0,40 por litro (-12,6%);
– Diesel: – R$ 0,44 por litro (-12,8%);
– Botijão de 13kg: – R$8,97 (-21,3%).
“As reduções têm como objetivos principais a manutenção da competitividade dos preços da companhia frente às principais alternativas de suprimento dos seus clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos de refino em equilíbrio com os mercados nacional e internacional”, disse a Petrobras por meio de nota publicada nesta terça-feira (16).