Os reajustes salariais no Brasil foram muito positivos para os trabalhadores em julho deste ano. Isso porque, no sétimo mês de 2023, quase 90% dos acordos e convenções coletivas ficaram acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
A maioria absoluta dos trabalhadores do país se beneficiou com o aumento do poder de compra no mês passado. A quantidade de reajustes salariais que superaram a inflação em julho chegou a 89,1%. Por outro lado, apenas uma negociação realizada no mês passado que ficou abaixo da taxa inflacionária.
No acumulado entre janeiro e julho de 2023, a taxa também está bastante positiva. Nos sete primeiros meses deste ano, 76,5% dos reajustes salariais superaram o INPC. A título de comparação, apenas 23,8% dos acordos e convenções coletivas superaram a inflação em 2022.
Isso mostra que as dificuldades enfrentadas no ano passado foram superadas, em grande parte, nos primeiros meses deste ano. Inclusive, o cenário em 2023 deverá se manter bem mais positivo para os trabalhadores do país do que em 2022.
Todos os dados relacionados a reajustes salariais se relacionam ao INPC. Em resumo, o indicador é usado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS no país. Por isso, as organizações se baseiam neste índice para realizar acordos e reajustes dos salários dos trabalhadores.
Inflação elevada reduz poder de compra
Para quem não sabe, a inflação é um dado muito importante para toda a população, mesmo que nem todos saiba disso. Em suma, quando a taxa inflacionária do país está em um nível muito alto, o poder de compra do trabalhador fica reduzido, uma vez que as pessoas terão que gastar mais para comprar produtos ou contratar serviços.
Aliás, quando o INPC está muito elevado, os reajustes tendem a ficar abaixo do indicador, até porque a maioria dos patrões não irá aumentar de maneira expressiva os salários dos empregados, mesmo com a inflação elevada.
Vale destacar que o INPC mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país. Isso explica a importância desse indicador, tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores do país. A propósito, o INPC acumulado em 12 meses até julho chegou a 3,53%.
Os dados referentes aos reajustes salariais fazem parte do levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cuja divulgação ocorre mensalmente.
Piso salarial do Brasil
De acordo com o levantamento, o piso salarial médio do país foi de R$ 1.610,94 entre janeiro e julho, primeiros meses do governo Lula. Em síntese, este valor médio é “equivalente à soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados”, segundo o Dieese.
Entre os quatro setores econômicos pesquisados, dois deles tiveram resultados superiores à média nacional, enquanto os outros dois apresentaram números inferiores. Veja abaixo os pisos de cada um dos setores:
- Serviços: R$ 1.638,59;
- Comércio: R$ 1.595,78;
- Indústria: R$ 1.585,80;
- Rural: R$ 1.547,53.
Cabe salientar que, apesar de o setor de serviços ter apresentado o maior piso nacional entre os três grandes setores, foi a indústria que teve o maior número de reajustes acima da inflação do país em julho de 2023, chegando a 82,6% do total dos reajustes. Já as negociações abaixo do INPC totalizaram 4,8%, enquanto 12,7% ficaram iguais à inflação medida pelo índice.
De todo modo, os serviços tiveram dados bastante semelhantes à indústria e, em julho, 79,3% dos reajustes superaram a inflação. Por outro lado, 6,3% das negociações ficaram abaixo do INPC no período, enquanto os 14,4% dos acordos restantes tiveram uma variação igual a da inflação.
Embora os dados da indústria e dos serviços tenham sido muito positivos, o comércio não conseguiu registrar resultados tão expressivos assim para os trabalhadores do país. No entanto, os dados ainda foram muito bons para os empregados do setor.
Em resumo, 53,5% dos reajustes ficaram acima da inflação em maio deste ano. Em contrapartida, 4,8% das negociações ficaram abaixo do INPC e não representaram ganho real para o trabalhador dos serviços. Assim, os 41,7% acordos restantes ficaram iguais ao INPC e também não resultaram em ganho real para os empregados do setor.
Veja o piso salarial das regiões brasileiras
Além disso, o Dieese também revelou o piso nacional médio nas regiões brasileiras. Todos os dados divulgados pelo Dieese são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência.
Veja abaixo os pisos salariais médios em cada região brasileira entre janeiro e julho deste ano:
- Sul: R$ 1.679,15;
- Sudeste: R$ 1.642,68;
- Centro-Oeste: R$ 1.543,90;
- Norte: R$ 1.494,14;
- Nordeste: R$ 1.478,98.
Segundo o Dieese, os reajustes salariais foram muito parecidos entre as regiões brasileiras no acumulado dos sete primeiros meses deste ano. A propósito, o Sudeste teve a maior taxa de acordos acima do INPC (81,3%), seguido por Centro-Oeste (77,9%), Sul (74,9%), Norte (73,0%) e Nordeste (68,7%).
Em contrapartida, o Nordeste teve a maior taxa do país em relação aos reajustes que perderam para a inflação no período (10,1%). Na sequência, ficaram Norte (9,9%), Sudeste (6,2%), Centro-Oeste (5,8%) e Sul (1,4%), no ranking que listou as regiões com as maiores taxas de acordos e convenções coletivas que reduziram o poder de compra do trabalhador do país.
Por fim, o levantamento ainda revelou que o Sul teve o maior percentual de acordos e convenções coletivas iguais ao INPC (23,7%), ou seja, que também não aumentaram o poder de compra do trabalhador. Em seguida, ficaram Nordeste (21,2%), Norte (17,0%), Centro-Oeste (16,3%) e Sudeste (12,6%).