Após quatro meses de alta, a confiança dos consumidores brasileiros com a economia do país tombou em outubro. De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 3,8 pontos neste mês.
Com isso, o ICC chegou a 93,2 pontos, menor patamar desde junho (92,3 pontos), ou seja, em quatro meses. Já em relação ao trimestre móvel de agosto a outubro, o indicador caiu 0,5 ponto, primeiro recuo após seis meses de alta.
Diversos fatores impulsionaram o otimismo dos brasileiros nos últimos meses, como a desaceleração da inflação e a redução dos juros. Contudo, as expectativas com o futuro despencaram em outubro, puxando a confiança para baixo.
Embora o nível tenha acelerado nos últimos meses, chegando ao maior patamar em mais de nove anos, a confiança do consumidor seguiu abaixo de 100 pontos. Essa faixa indica neutralidade, com os níveis inferiores a 100 pontos mostrando pessimismo dos consumidores, enquanto valores superiores refletem otimismo.
Pessimismo com o futuro derruba confiança
Em outubro, a queda do ICC foi provocada pelo pessimismo em relação ao futuro do país. Já o componente que se refere à situação atual do país também caiu no mês, mas o recuo foi bem mais leve. De todo modo, a confiança caiu em ambos os componentes.
Em suma, o ICC possui dois componentes, o Índice de Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que seguiram a mesma direção neste mês. Segundo o levantamento, o ISA caiu 0,7 pontos, para 82,5 pontos, após quatro altas seguidas. Embora tenha caído no mês, a variação foi tímida e considerada relativamente estável em relação a setembro, segundo o FGV IBRE.
Por sua vez, o IE tombou 5,8 pontos em outubro, para 100,9 pontos. O tombo foi muito forte e puxou o índice de confiança para baixo no mês, exercendo um impacto bem mais intenso que o componente ISA.
“Após quatro meses de altas consecutivas, a confiança dos consumidores recuou influenciada pela piora das expectativas para os próximos meses e acomodação em relação a situação atual“, disse Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE.
Apesar da forte queda do IE, o componente segue acima da marca de 100 pontos, indicando otimismo dos consumidores com o futuro. Nesse contexto, o indicador referente à situação atual do país (ISA) continua muito abaixo de 100 pontos, apesar de ter caído timidamente no mês.
Inflação desacelera e juros caem
Nos últimos meses, dois principais fatores ajudaram a impulsionar a confiança dos consumidores no país: a desaceleração da inflação e a redução dos juros. Além disso, os dados mais positivos do mercado de trabalho ajudaram a fortalecer o ICC, que chegou em setembro ao maior nível em quase dez anos.
Esse cenário não se repetiu em outubro. Isso aconteceu, em parte, por causa da forte base comparativa, mas também porque a confiança caiu de maneira disseminada, atingindo boa parte dos indicadores pesquisados, o que pode trazer preocupação em relação aos próximos meses.
“Em outubro, o resultado negativo se apresenta disseminado em todas as variáveis, classes de renda e capitais, o que acende um sinal de alerta“, explicou Anna Carolina Gouveia.
“A calibragem das expectativas passando o índice da zona de otimismo para a zona de neutralidade pode estar relacionada com a desaceleração dos setores econômicos, e talvez uma preocupação com a continuidade da resiliência do mercado de trabalho, fator importante na recuperação da confiança dos consumidores“, acrescentou a economista.
Confiança recua entre todas as faixas de renda
No mês de outubro, a confiança dos consumidores caiu entre todas as faixas de renda. Em síntese, o recuo mais expressivo foi registrado entre as faixas intermediárias.
Confira abaixo o índice de confiança dos consumidores por faixa de renda:
- Até R$ 2.100: 91,2 pontos;
- Entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800: 90,9 pontos;
- Entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600: 93,0 pontos;
- Acima de R$ 9.600: 96,9pontos.
Cabe salientar que a maior queda da confiança veio das famílias de renda entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800 (-6,2 pontos), cujo indicador estava em 97,1 pontos em setembro. Em seguida, ficaram as faixas de renda: entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600 (-3,0 pontos), até R$ 2.100 (-2,4 pontos), e acima de R$ 9.600 (-2,0 pontos).
Por fim, vale destacar que todas as faixas registraram queda da confiança e continuaram apresentando taxas abaixo da marca de 100 pontos, indicando pessimismo entre os consumidores entre todas as faixas de renda.