Muitos brasileiros que recebem de 1,5 salário-mínimo acima terão que gastar um valor a mais no orçamento, o que é algo inesperado. Com o tão esperado reajuste do piso nacional, tais cidadãos não se enquadram mais nos requisitos para obtenção da isenção do IR (Imposto de Renda).
Tal distorção tem como motivo a falta da correção da tabela desse tributo que, infelizmente, não é atualizada desde o ano de 2015. Nesses oito anos, o teto, ou salário-mínimo, que isentava o contribuinte do pagamento do imposto correspondia a R$ 1.903,98 por mês. Mas, como ficará a situação? Saiba mais na matéria de hoje do Notícias Concursos.
Isenção para os que ganham até R$ 5 mil
Naquela época, o piso no Brasil equivalia a R$ 788,00, significando receber 2,5 salários para se livrar da cobrança. Considerando o novo piso de R$ 1.302,00, os que ganham 1,5 salário, atualmente, possuem renda de R$ 1.953,00. Isso é mais do que a faixa de isenção. Então, cidadãos inseridos nesse grupo pagarão Imposto de Renda em 2023.
Uma das promessas da campanha de Lula é a correção da tabela do Imposto de Renda. Assim, quem recebe até R$ 5 mil por mês não pagará o tributo. Tal compromisso também teve precedente por parte de Jair Bolsonaro, ex-presidente, mas não foi cumprido.
Várias pessoas torciam pelo reajuste sair ainda em 2023, contudo, isso não ocorrerá. Para a cúpula do governo, é preciso organizar todo o orçamento para só depois executar a mudança radical.
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, diz que a proposta é para seguir durante o mandato. Infelizmente, nem na PEC de transição esse reajuste está em pauta, menos ainda na reorganização orçamentária de 2023.
Mudança feita aos poucos
Luiz Marinho, ministro do Trabalho, fez uma declaração recente, afirmando que tal proposta para a isenção do Imposto de Renda para os que ganham até R$ 5 mil terá o cumprimento. No entanto, tudo será feito gradualmente, conforme resultados econômicos no país.
O governo cumprirá a promessa, caso a economia garanta um equilíbrio nas finanças. Não se pode prometer algo e cumprir de forma irresponsável.
Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset, fez um levantamento, onde constatou que a ampliação das faixas de isenção causará um rombo no orçamento de cerca de R$ 173 bilhões anuais nos cofres públicos. Caso as alterações sejam graduais, as perdas têm condições de redução para R$ 16 bilhões por ano. Então, por enquanto, quem recebe 1,5 salário vai, sim, pagar o IR.