Uma pesquisa, que abrange os medicamentos que são mais procurados, e que pertencem a nove categorias distintas, revelou algo incômodo. Esses remédios que entraram na análise são comercializados em seis redes farmacêuticas de grande porte que atuam dentro do comércio eletrônico.
O destaque mais significativo em termos de aumento dos preços foi observado nos antigripais. Tais remédios registraram um acréscimo de 21,76% nos preços em comparação com o mês anterior, após uma queda de 14,36%.
Logo em seguida, estão os antialérgicos, com um aumento de 13,18%, e os anticoncepcionais, com um crescimento de 7,31%. O grupo único que apresentou uma queda nos preços durante o período foi o de antiparasitas, com uma redução de 34,04%.
Como o aumento dos preços dos remédios pode ser avaliado?
Segundo Ricardo Ramos, presidente da Precifica, alguns fatores são responsáveis pelo aumento de preços de medicamentos, incluindo:
- O ajuste de preços realizado no fim de março;
- Mudanças climáticas, bem como maior incidência das chuvas;
- O repasse de preços das fábricas.
Ajuste de valores
“O ajuste foi baseado na variação acumulada do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) entre março de 2022 e fevereiro de 2023 (5,6%). Devido às diferenças no tempo de reposição de estoque entre diferentes categorias de produtos, esse ajuste pode se refletir nos meses seguintes“, explicou o executivo.
Não é surpreendente que o segmento de “Cuidados pessoais e saúde” tenha sido o destaque principal de alta no IPCA nos dois últimos meses. Por exemplo, no mês de maio, o setor registrou um aumento de 0,93%, após ter apresentado um aumento de 1,49% em abril. Nos dois casos, esse setor foi o que teve a maior alta no índice.
Na análise do IPCA, os “Produtos Farmacêuticos” apresentou um aumento de 0,77% no mês de maio na região metropolitana de São Paulo. Em âmbito nacional, o aumento foi de 0,89%.
Ramos também observa que uma parte dessa tendência de aumento nos preços pode ser atribuída à “essencialidade de mercado“. “Em situações como aperto financeiro, as famílias raramente reduzem o consumo dos medicamentos, especialmente aqueles utilizados de forma contínua, como antidiabéticos e anti-hipertensivos“, afirma o executivo. Em maio, houve um aumento de 2,09% e 6,58% nesses grupos, respectivamente.
Mudanças climáticas
Ramos também destaca que as condições climáticas podem ter um papel importante no aumento dos preços dos medicamentos na região. Ele ressalta que, no mês de abril de 2023, São Paulo registrou 104,6 milímetros de chuva dentro da estação convencional do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), localizada no Mirante de Santana. Essa quantidade foi 20% maior que a média histórica de 87,0 milímetros para o período de 1991 a 2020.
“O IPM-COM detectou um aumento significativo nos antigripais no mês de maio, o que pode ser reflexo da maior demanda por esse tipo de medicamento devido à incidência de chuvas na região“, afirma o executivo.
Repasse das fábricas
Por fim, outro aspecto que explica o aumento dos preços dos remédios para os consumidores é o repasse realizado pelas fábricas. Um exemplo disso é o Índice de Preços ao Produtor (IPP), também divulgado pelo IBGE, que registrou um aumento de 3,97% na categoria “fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos“.
“Esse foi o maior aumento do ano até o momento. O aumento de preços observado em maio e provavelmente em junho pode refletir o repasse dos produtores para os consumidores“, acrescenta Ramos.
Variação dos preços dos remédios entre bairros
Ramos também menciona que os preços podem variar entre regiões dentro da mesma cidade. Isso ocorre devido a diversos fatores que influenciam a demanda, tais como:
- Mudanças climáticas;
- Questões sanitárias;
- Tempo de entrega;
- Acesso a redes hospitalares públicas.
“Esses fatores podem variar de bairro para bairro, e as empresas utilizam a precificação regional para contemplá-los. Isso pode fazer com que o preço de um mesmo medicamento varie de acordo com o local, data e até mesmo horário da compra“, afirma Ramos.