A produção industrial brasileira encolheu 0,6% em julho de 2023, na comparação com o mês anterior. O resultado aconteceu após dois meses de alta e elimina o ganho acumulado no período, visto que as variações foram bem tímidas em maio e junho.
Em resumo, a indústria brasileira vem enfrentando dificuldades para crescer desde o final de 2022. Neste ano, o setor industrial cresceu em apenas três meses, e todos os resultados foram tímidos, refletindo a perda de fôlego do setor.
A produção industrial nacional não está conseguindo crescer no início do governo Lula. Aliás, com o acréscimo do resultado de julho deste ano, a indústria aumentou a distância para o nível observado em fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19.
Na prática, a atividade industrial do país está 2,3% abaixo do nível pré-pandemia. Isso quer dizer que as perdas provocadas pela crise sanitária na indústria brasileira não foram recuperadas.
Além disso, vale destacar que a indústria brasileira está 18,7% abaixo do nível recorde registrado em maio de 2011. A distância ficou um pouco maior após a queda registrada em julho, visto que a diferença era de 18,1% no mês anterior.
Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A série histórica teve início em janeiro de 2002 e, de lá pra cá, informa o desempenho da produção industrial do país mensalmente.
15 dos 25 ramos pesquisados caem no mês
De acordo com a PMI, 15 dos 25 ramos industriais registraram resultados negativos em julho. Entre as quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE, três delas fecharam o mês em queda, na comparação com junho.
O gerente da pesquisa, André Macedo, explicou que a queda da indústria em julho “acentua o movimento de perda de ritmo, especialmente quando comparado com junho e maio“.
Entre as atividades que caíram em julho, as que exerceram os principais impactos negativos na produção industrial brasileira foram, respectivamente:
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: -6,5%;
- Indústrias extrativas: -1,4%;
- Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos: -12,1%;
- Máquinas e equipamentos: -5,0%;
- Confecção de artigos do vestuário e acessórios: -8,0%;
- Produtos de metal: -4,8%;
- Produtos de borracha e de material plástico: -3,8%.
Em síntese, o setor de veículos intensificou o recuo observado em junho (- 3,4%). Ambos os resultados ainda não refletiram o desconto promovido na aquisição de veículos sustentáveis através de incentivo do Governo Federal, segundo Macedo.
“O que a pesquisa captou pelos dados de junho e julho é que, em um primeiro momento, esse estímulo rebate nas vendas porque o setor já tinha um nível alto de estoque“, explicou.
Por sua vez, a queda da produção das indústrias extrativas em julho interrompeu dois meses seguidos de alta, período em que a atividade cresceu 4,3%. Apesar do recuo mensal, a indústria extrativa continua se destacando em 2023. “É o setor de principal impacto positivo no resultado do acumulado do ano, com expansão de 7%“, revelou Macedo.
Maioria das atividades encolhe em julho
O IBGE revelou que apenas nove dos 25 ramos tiveram crescimento da produção em julho. Confira abaixo os principais resultados positivos do mês:
- Produtos farmoquímicos e farmacêuticos: 8,2%;
- Produtos alimentícios: 0,9%;
- Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis: 0,7%.
A saber, a atividade de produtos farmoquímicos e farmacêuticos foi responsável pelo maior impacto positivo na indústria brasileira em julho. Em suma, a alta interrompeu três meses consecutivos de queda na produção, período em que acumulou um recuo de 17,7%. “É um setor que historicamente tem um caráter mais volátil no que se refere à produção de mês a mês“, disse Macedo.
A segunda maior influência positiva veio dos produtos alimentícios, que teve o primeiro resultado positivo desde dezembro de 2022 (4,4%), ou seja, em sete meses. Isso aconteceu, principalmente, por causa do crescimento da produção de açúcar, soja e carne bovina.
Indústria brasileira também encolhe na base anual
Na comparação com julho de 2022, a indústria brasileira encolheu 1,1% em sua produção. O recuo foi ainda mais expressivo que a variação da base mensal devido à disseminação ainda maior dos resultados negativos.
Em resumo, a produção industrial foi enfraquecida pela queda acompanhada por três das quatro grandes categorias econômicas, bem como por 17 dos 25 ramos, 52 dos 80 grupos e 57% dos 789 produtos pesquisados. O IBGE destacou que ambos os meses de julho, de 2022 e 2023, tiveram a mesma quantidade de dias úteis: 21 no total.
Na base anual, os principais impactos negativos vieram, respectivamente, de:
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: -9,5%;
- Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos: -25,3%;
- Produtos químicos: -6,7%;
- Máquinas e equipamentos: -9,8%.
Por outro lado, os principais destaques positivos na base anual foram as indústrias extrativas (7,0%) e os produtos alimentícios (4,5%).