Os brasileiros que moram de aluguel receberam recentemente uma péssima notícia. De acordo com o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR), o preço dos aluguéis residenciais subiu 0,51% em julho, na comparação com junho.
O resultado sucede dois meses consecutivos de queda, e os únicos de 2023 a registrarem queda nos preços do aluguel. Em todos os demais meses do ano, o valor do aluguel só fez subir no país, pesando cada vez mais na renda das famílias que vivem de aluguel.
Confira abaixo a variação registrada em todos os meses deste ano:
- Janeiro: 4,20%;
- Fevereiro: 1,09%;
- Março: 0,97%;
- Abril: 0,76%;
- Maio: -0,06%;
- Junho: -0,48;
- Julho: 0,51%.
Com o acréscimo do resultado mensal, o IVAR passou a acumular uma alta de 7,37% nos últimos 12 meses até julho. Esse percentual ficou abaixo da taxa acumulada nos últimos 12 meses até junho, de 7,96%, ou seja, os preços do aluguel desaceleraram no mês passado no país, apesar de subirem em relação a junho.
Com isso, a taxa anual ficou ainda mais distante do recorde registrado pela série histórica, que teve início em janeiro de 2019. A saber, o maior valor anual foi observado em outubro do ano passado, quando chegou a 11,56% entre novembro de 2021 e outubro de 2022.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, atualizou os dados no último dia 4 de agosto.
Preço do aluguel sobe na maioria dos locais
Em suma, a alta do IVAR em julho ocorreu devido a acréscimos registrados em três das quatro cidades pesquisadas, com destaque para Belo Horizonte.
Veja abaixo as variações registradas no mês passado:
- Belo Horizonte: 2,54%.
- Rio de Janeiro: 1,00%;
- Porto Alegre: 0,58%;
- São Paulo: -0,35%.
A título de comparação, os preços haviam subido apenas em São Paulo em maio, enquanto haviam recuado nas outras três capitais. Isso mostra que houve uma inversão das variações, com os valores caindo apenas em São Paulo no mês passado, mas subindo nas demais localidades.
Em julho, a maior variação foi registrada justamente em Belo Horizonte, visto que os preços haviam caído 4,98% em junho, ou seja, houve uma variação de 7,52 pontos percentuais (p.p.) entre os meses. Já no Rio de Janeiro, a oscilação chegou a 3,77 p.p., seguido por São Paulo (1,89 p.p.) e Porto Alegre (0,71 p.p.).
Vale destacar que cada local exerce um impacto único no índice, e São Paulo, por ser a maior economia do país, influencia de maneira mais intensa o indicador. Por isso que o resultado não ficou muito positivo em julho, apesar das fortes altas registradas em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro.
Com o acréscimo das variações observadas em julho, as cidades pesquisadas pelo FGV IBRE passaram a acumular as seguintes variações nos últimos 12 meses:
- Belo Horizonte (10,68% para 10,73%);
- Rio de Janeiro (8,82% para 9,49%);
- São Paulo (7,22% para 5,97%);
- Porto Alegre (6,28% para 5,76%).
Em julho, apesar das variações significativas registradas em relação ao mês anterior, não houve alteração nas posições das capitais. Em síntese, Belo Horizonte continuou registrando a maior alta nos preços dos alugueis residenciais a nível anual, enquanto a menor variação continuou com Porto Alegre.
De todo modo, as quatro capitais pesquisadas pelo FGV IBRE continuam tendo um aluguel bastante caro. Assim, a renda de milhões de pessoas que moram de aluguel ainda é corroída por essa despesa. Resta aos brasileiros torcerem para a queda nos preços do aluguel.
Entenda o indicador da FGV
Em resumo, o indicador tem o objetivo de “medir a evolução mensal dos valores de aluguéis residenciais do mercado de imóveis no Brasil“, segundo a FGV.
Para a sua composição, o indicador utiliza “valores de contratos fornecidos por um conjunto de agentes do mercado imobiliário que fazem a intermediação de operações de locação”, conforme explica a Fundação Getulio Vargas.
“O Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR) mede a evolução mensal dos valores de aluguéis residenciais em quatro das principais capitais brasileiras com base em informações anonimizadas de contratos de locação obtidas pelo FGV IBRE junto a empresas administradoras de imóveis, representando um aprimoramento das estatísticas acerca de aluguéis residenciais do FGV IBRE“, informa a entidade.
A propósito, o levantamento segue um mesmo imóvel ao longo do tempo, abrangendo as características dos diferentes contratos firmados. Isso acontece como “parte da dinâmica natural do mercado”, pois os valores coletados se referem de maneira efetiva aos preços “desembolsados pelos locatários em cada período do tempo”.
A FGV IBRE ressalta que essas informações são ideais para o cálculo do IVAR, uma vez que o índice reflete a “evolução dos fundamentos do mercado imobiliário“.
Inflação da construção civil segue elevada no país
De acordo com o Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M), medido também pelo FGV IBRE, os custos da construção civil tiveram leve alta em julho.
Nos últimos 12 meses, o indicador acumula um avanço de 3,15%. A título de comparação, no acumulado de 12 meses até julho de 2022, os preços do setor haviam subido 11,66%, ou seja, os preços da construção estão subindo bem menos neste ano.
Os custos da construção estão desacelerando no país, para alegria dos consumidores. Isso é muito positivo para os brasileiros, pois, quando os preços sobem, os imóveis acabam ficando mais caros, e os alugueis seguem a mesma trajetória, comprometendo a renda das famílias.
Vale destacar que o mercado imobiliário brasileiro enfrentou grandes desafios em 2022, com uma forte queda no número de lançamentos de imóveis. No entanto, as expectativas do setor para este ano são mais positivas, e os preços tendem a seguir essa trajetória de alta.