O Ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB) voltou a falar com jornalistas nesta segunda-feira (27) sobre o projeto Voa, Brasil. Trata-se do programa anunciado por ele, que prevê a liberação de passagens de avião ociosas a um preço de R$ 200 para determinados grupos sociais.
Embora siga afirmando que o programa vai sair do papel, França diz agora que vai precisar criar uma nova regra. Segundo ele, o projeto em questão será voltado apenas para as pessoas que não viajaram de avião nos últimos dois anos. São cidadãos que não estão acostumados a viajar com este meio de transporte com frequência.
“O que as empresas propõem é o consignado. Elas gostariam que servidores e aposentados, que têm renda mensal, poderiam comprar quatro pernas. Para aqueles que não voaram nos últimos dois anos. Porque o objetivo deles não é pegar quem está acostumado a voar, mas preencher um CPF novo”, disse o Ministro em conversa com jornalistas.
Márcio França não deixou claro se o desenho do programa vai permitir que uma pessoa viaje apenas uma vez a cada dois anos, ou se o cidadão só vai precisar provar que não voou antes da primeira solicitação. O fato mesmo é que o desenho final do projeto em questão ainda não está pronto. O Ministro ainda está em fase de diálogos com companhias aéreas.
Inicialmente, França chegou a dizer que a passagem a R$ 200 seria liberada apenas para servidores públicos federais, estaduais e municipais, além de estudantes com FIES e aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Desde o lançamento da proposta, o projeto em questão vem recebendo muitos elogios e muitas críticas.
Depois do lançamento público da proposta pelo Ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou ao vivo na tv os chefes das pastas que estavam anunciando programas sem discutir o tema com representantes do próprio Governo Federal.
Em entrevista concedida ao jornal O Globo e publicada nesta segunda-feira (27), o Ministro Márcio França confessou que ele foi um dos destinatários daquela crítica.
“Podia não ser para mim (a reclamação), mas encaixaria perfeitamente. Foi como aconteceu. Na reunião com os ministros, cada um tinha que falar o que fez e o que pretende fazer. Deixei por último esse assunto (Voa, Brasil), porque não tratava de investimentos públicos. Era uma sugestão das companhias aéreas para desmistificarem os conceitos de que elas só têm preços caros”, disse ele.
“Eu fui falar com o Rui Costa (ministro da Casa Civil) pessoalmente. Ficou uma dúvida sobre o subsídio, que era a grande preocupação dele. Não é verba pública, somos apenas os indutores. Ele falou que compreendeu. Não teve bronca, foi cada um cumprindo a sua função. A mensagem do presidente é para todo mundo. O Rui está fazendo o papel dele, e eu estou fazendo o meu”, completou França.
Embora admita que seu projeto encontra resistência do Governo Federal, Márcio França segue afirmando que vai seguir com o plano de manter o programa.
Algumas companhias aéreas como Gol, Azul e Latam já anunciaram que desejam conversar mais sobre o tema.