Fazer aquele churrasquinho no final de semana com a família e com os amigos está se tornando um ato cada vez mais barato. Ao menos é o que apontam os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) o preço da carne bovina registrou queda de 2,10% em junho.
O movimento contribuiu para a deflação de 0,08% no último mês. Além disso, a queda no preço da carne bovina também contribuiu fortemente para uma queda geral no setor de alimentos e bebidas. Ainda tomando como base os números mais recentes do IBGE, é possível perceber uma variação negativa de -0,66% nestes produtos.
As quedas nos preços da carne bovina não se resumem a uma parte específica do animal. Segundo os dados do IPCA, houve uma redução dos valores em todos os cortes bovinos que fazem parte do índice da inflação oficial. A queda geral foi de 5,89% neste ano, e de 6,73% nos últimos 12 meses.
Veja abaixo os cortes que mais registraram barateamento:
- carnes em geral: -5,89;
- fígado: -6,51;
- cupim: -2,05;
- contrafilé: -7,92;
- filé-mignon: -8,02;
- coxão mole: -5,16;
- alcatra: -8,09;
- patinho: -5,10;
- lagarto redondo: -4,76;
- lagarto comum: -5,37;
- músculo: -4,28;
- pá: -7,37;
- acém: -6,16;
- peito: -5,63;
- capa de filé: -5,43;
- costela: -5,33;
- picanha: -6,52.
“Picanha com cervejinha”
Nas eleições do ano passado, o preço da carne bovina foi um dos motes da campanha presidencial. O então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu traçar medidas para baratear o preço da picanha e da cerveja para os brasileiros. A promessa virou meme, mas o fato é que o preço da picanha realmente vem caindo este ano.
Contudo, analistas da área econômica apontam que a razão da queda do preço da picanha não tem relação com ações tomadas pelo atual Governo Federal, e nem pela gestão anterior. A queda nos preços que está chegando ao consumidor poderia ter mais relação com a redução dos custos para os produtores.
Economistas apontam que, desde o segundo semestre do ano passado, boa parte dos custos para os produtores estão caindo, e os resultados estão começando a chegar agora. Os preços da soja e do milho, que são os principais componentes da ração do gado estão com cotações menores, o que faz com que a redução seja repassada ao supermercado.
Carne vai continuar caindo?
Seja mérito do governo ou não, o fato é que os especialistas afirmam que a tendência é de continuidade de queda. Eles acreditam que o preço dos cortes da carne bovina ainda não chegaram no seu mínimo, e poderão ser reduzidos ainda mais nos próximos meses.
Em um determinado momento, é possível que as quedas sejam interrompidas e tudo seja mantido em um patamar de estabilidade. Mas não há, por agora, uma previsão de retomada de aumento.
El Niño impacta carne
Há ainda outro ponto que precisa ser analisado. O El Niño. Trata-se de um evento natural que altera o clima do país e que tem potencial para modificar até mesmo a cadeia de produção. Nos períodos anteriores, este sistema ajudou a aumentar a produtividade na região Centro-Oeste.
Caso o cenário se repita este ano, uma segunda rodada de queda nos preços da carne bovina pode se concretizar. De todo modo, é preciso aguardar mais alguns meses para entender se este sistema vai realmente ocorrer
Inflação
Nesta semana, o IBGE divulgou que o Brasil registrou uma deflação de 0,08% em junho. É a primeira queda da inflação deste ano de 2022. O resultado foi um pouco menor do que o esperado pelo mercado financeiro, mas ainda assim foi comemorado por diversos setores.
“Alimentação e bebidas e Transportes são os grupos mais pesados dentro da cesta de consumo das famílias. Juntos, eles representam cerca de 42% do IPCA. Assim, a queda nos preços desses dois grupos foi o que mais contribuiu para esse resultado de deflação no mês de junho”, explica André Almeida, analista da pesquisa.