O Governo Federal ainda não bateu o martelo sobre a possibilidade de um novo aumento no valor do salário mínimo este ano. Contudo, o fato é que as chances de uma elevação do saldo dos pagamentos para R$ 1.320 ficaram maiores nos últimos dias.
Hoje, o salário mínimo é de R$ 1.302. Este valor foi definido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda no final do ano passado e já representa um aumento real em relação aos R$ 1.212 registrados em 2022. Contudo, uma ala do Governo defende um novo aumento para a casa dos R$ 1.320 em maio deste ano.
Segundo informações de bastidores colhidas pelo jornal Folha de São Paulo, esta ala que defende este aumento está ganhando força junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O jornal destaca que até mesmo o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) já admite que o valor vai mesmo subir.
O Ministro faz parte da ala que defende a manutenção do patamar de R$ 1.302 até o final deste ano. Ele alega que um aumento para R$ 1.320 poderia causar problemas nas contas públicas. De todo modo, Haddad vem traçando um plano para conseguir elevar o salário mesmo dentro deste cenário.
O chefe da pasta econômica vem dizendo que vai colocar em prática um plano de redução de gastos em outras áreas. A ideia é tirar dinheiro de alguns outros setores e realocar o saldo para o salário mínimo. Este plano já recebeu algumas críticas quando foi apresentado pelo Ministro.
Salário x INSS
Inicialmente, Haddad disse que não poderia pagar os R$ 1.320 desde o início do ano porque este aumento poderia ter um custo de R$ 7,7 bilhões acima do que estava previsto inicialmente no plano de orçamento.
Caso o salário mínimo de R$ 1.320 comece a ser pago apenas em maio, este valor diminuiria, já que seriam menos meses de pagamentos. Neste caso, o gasto público poderia cair para a casa dos R$ 5,6 bilhões, no pior cenário.
Contudo, este valor pode ser menor porque depende diretamente da quantidade de pessoas que receberiam o saldo no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O número de segurados varia todos os meses.
Parte do dinheiro que poderá ser realocado para o salário mínimo poderá vir do resultado do pente-fino no Bolsa Família. A expectativa do Governo Federal é gerar uma economia de R$ 10 bilhões com o corte de mais de 1 milhão de pessoas.
Além disso, há previsão de economia de mais de R$ 3 bilhões com o não pagamento do adicional de R$ 150 por filhos menores de seis anos de idade nos meses de janeiro e fevereiro.
Corte de gastos
Esta não é a primeira vez que aliados de Lula citam cortes de gastos para garantir os pagamentos do salário mínimo de R$ 1.320. Na última semana, a Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB) disse que será preciso conter despesas em outras áreas.
“Quando o presidente disser ‘fechamos um acordo’ (para reajustar o piso) de R$ 1.310, R$ 1.315, R$ 1.320, (e perguntar) ‘de onde poderíamos cortar?’, eu tenho por obrigação que apresentar o quadro e dizer onde cabe ou não (corte em verba) e onde é prioritário, para ele escolher”, disse Tebet.