Você sabe o que são ciclones extratropicais? Eles são fenômenos climáticos que acontecem nas regiões de médias latitudes, entre os trópicos e os polos, e estão relacionados às frentes frias. Eles causam ventos fortes, chuvas torrenciais, granizo e alagamentos em algumas áreas. Mas você sabia que eles podem afetar o tempo em todo o Brasil?
Neste artigo, explicaremos como foi o ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul no começo de setembro de 2023 e como ele alterou as condições climáticas em outras regiões do país.
Como se originou o ciclone extratropical?
A princípio, o ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul se originou no litoral do Uruguai, entre os dias 3 e 4 de setembro de 2023, a partir da interação entre uma massa de ar frio que avançava pelo Sul do Brasil e uma massa de ar quente e úmido que vinha do Norte.
Esse contraste de temperaturas e pressões gerou um sistema de baixa pressão atmosférica, ou seja, uma região onde a pressão do ar é menor do que o ambiente ao redor. Visto que, os ventos giraram ao redor do centro do ciclone, no sentido horário no hemisfério sul, levando ar quente e úmido da superfície para cima, formando nuvens e chuvas.
O ciclone extratropical se deslocou pelo litoral gaúcho, atingindo principalmente as regiões Sul, Metropolitana, Litoral Norte e Serra. Ele também provocou ventos fortes e chuvas em Santa Catarina e Paraná. O fenômeno foi classificado como moderado a forte pelos meteorologistas.
Quais foram as consequências do ciclone?
O ciclone extratropical causou diversos impactos negativos para o meio ambiente e a sociedade no Rio Grande do Sul. Ele provocou:
- Enchentes;
- deslizamentos de terra;
- queda de árvores e postes;
- danos à infraestrutura urbana e rural;
- cortes de energia elétrica e comunicação;
- prejuízos à agricultura e à pecuária;
- acidentes de trânsito e navegação;
- ferimentos e mortes de pessoas e animais.
Segundo a Defesa Civil estadual, quatro pessoas morreram em decorrência do ciclone: duas por queda de árvore, uma por afogamento e uma por soterramento. Dessa forma, mais de 300 mil pessoas ficaram sem energia elétrica em diversas cidades e, mais de 20 municípios registraram estragos causados pelo vento e pela chuva.
Alguns exemplos de cidades que sofreram com o ciclone foram:
- Porto Alegre: a capital gaúcha teve mais de 100 pontos com quedas de árvores ou galhos sobre a rede elétrica. O vento chegou a 83 km/h na cidade. A chuva acumulada foi de 76 mm em 24 horas;
- Pelotas: a cidade da região Sul teve mais de 200 milímetros de chuva em menos de 24 horas, o equivalente a quase dois meses de precipitação. O nível do rio São Gonçalo subiu mais de três metros acima do normal, alagando diversas áreas. O vento chegou a 70 km/h na cidade;
- Torres: a cidade do Litoral Norte teve um dos maiores registros de vento no estado: 117 km/h. A força do vento arrancou telhados, derrubou árvores e postes, e danificou o calçadão da praia. A chuva acumulada foi de 54 mm em 24 horas.
Como o ciclone extratropical afetou o tempo em outras regiões do Brasil?
O ciclone extratropical não afetou apenas o Sul do Brasil, mas também afetou o tempo em outras regiões do país. Isso aconteceu porque o ciclone se conectou com uma frente fria que avançava pelo Sudeste, e com uma corrente de jato, um fluxo de vento em altos níveis da atmosfera.
Ademais, essas interações fizeram com que o ciclone se intensificasse e se deslocasse para o oceano, levando consigo a massa de ar frio que estava sobre o Sul. Com isso, o tempo mudou em vários estados brasileiros na terça-feira, dia 05 de setembro de 2023. Veja alguns exemplos:
- São Paulo: a capital paulista teve uma queda brusca de temperatura, passando de 32 °C na segunda-feira para 15 °C na terça-feira. O dia foi de céu nublado, chuva fraca e garoa. O vento chegou a 60 km/h na cidade;
- Rio de Janeiro: a capital fluminense teve uma redução de temperatura, passando de 35 °C na segunda-feira para 25 °C na terça-feira. Portanto, o dia foi de céu encoberto, chuva moderada e ventania. O vento chegou a 80 km/h na cidade;
- Minas Gerais: o estado teve uma queda de temperatura, principalmente nas regiões Sul, Zona da Mata e Campo das Vertentes. O dia foi de céu nublado, chuva isolada e vento moderado. O vento chegou a 50 km/h em algumas cidades;
- Centro-Oeste: o ciclone extratropical provocou uma mudança no padrão dos ventos na região, trazendo umidade da Amazônia para o Centro-Oeste. Isso favoreceu a formação de nuvens e chuvas em áreas de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal.