A última terça-feira (3) não foi fácil para milhões de trabalhadores da cidade de São Paulo. Uma greve provocada pelos metroviários contra um projeto de privatização do governo estadual fez com que os trens parassem de rodar, e muita gente teve dificuldades para se locomover. E aquele dia poderá se repetir em breve.
Funcionários do Metrô de São Paulo devem se reunir nesta quinta-feira (5) para discutir se a greve vai voltar a acontecer na próxima semana. “A diretoria do Sindicato dos Metroviários e Metroviárias de São Paulo, frente ao impasse causado pela última votação, em que nenhuma das três posições postas em votação foi aprovada pela maioria dos votantes, encaminha nova Assembleia Geral Extraordinária”, diz a nota publicada no site oficial do sindicato que representa a categoria.
O encontro que vai decidir se uma nova paralisação será feita ou não, vai ocorrer nesta quinta-feira (5), às 18h30, no bairro de Tatuapé, na Zona Leste da capital paulista. Na ocasião, os sindicalistas deverão tomar três decisões. São elas:
- Faremos uma greve na semana que vem pela retirada dos pregões de terceirização do Atendimento, da Manutenção do Material Rodante do POT e Instrutoria?
- Em caso de aprovação, em qual data realizar a greve?
- Devemos voltar a usar os coletes grevistas?
O objetivo
Assim como na primeira paralisação, o objetivo nesta segunda etapa segue o mesmo: forçar o governo estadual a recuar em projetos de privatização tanto no metrô que atua na região metropolitana, como também da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Sabesp).
O governo do estado de São Paulo, na pessoa do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), protestou contra o movimento. Na visão dele, a greve em questão seria “um ato político”. Ele também disse que a paralisação não vai fazer o governo local recuar do plano de privatização do metrô na região metropolitana.
A greve da terça
Na paralisação da última terça-feira (3), o sindicato decidiu descumprir uma ordem da Justiça que determinou que ao menos 80% do efetivo trabalhasse durante todo o dia. Além disso, a ordem era para que 100% da equipe trabalhasse no horário de pico.
Abaixo, você pode relembrar quais foram as linhas atingidas pela greve:
- 1-Azul;
- 2-Verde;
- 3-Vermelha;
- 15-Prata;
- 7-Rubi;
- 10-Turquesa;
- 11-Coral;
- 12-Safira;
- 13-Jade.
Ainda na terça-feira (3), membros do sindicato se reuniram no final da tarde para decidir se a greve deveria seguir na quarta-feira (4). Na ocasião, 79% dos funcionários, ou seja, a grande maioria dos sindicalizados pediu o fim da greve naquele momento. Mas apenas 39% deles votaram para a não manutenção da paralisação na semana seguinte.
“Nossa greve não concluiu o fim do tema dos editais de terceirização do metrô. É por isso que tem uma assembleia amanhã (hoje) e os metroviários vão debater a possibilidade de uma nova paralisação”, diz Camila Lisboa, a presidente do Sindicato dos Metroviários.
“A greve unificada foi um movimento muito importante que ajudou a jogar luz no projeto que o governador queria, e ainda quer, fazer sem discutir com a sociedade. A gente acha que nossa mobilização impôs para o governador fazer esse debate com a sociedade. Ele tanto queria fazer na surdina que já incluiu no orçamento de 2024 o valor de arrecadação da venda da Sabesp. Queria tocar a privatização da terceira maior companhia de saneamento básico do mundo sem discutir com a sociedade”, afirma Lisboa.
Eleições
Analistas políticos dizem que a greve que está acontecendo agora tem forte potencial de impactar as eleições municipais do próximo ano. O atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) já indicou que o atual movimento teria relação direta com o deputado federal Guilherme Boulos (Psol), que lidera todas as pesquisas para o pleito do próximo ano.
Boulos, no entanto, vem dizendo que não tem nenhuma relação com a paralisação que está ocorrendo nesta semana, e que não faz parte do sindicato em questão.