O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou para 0,59% em outubro. Este é o índice de inflação no país. A divulgação do aumento ocorreu na manhã desta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este aumento surpreendeu os analistas, que estavam esperando mais uma queda para este mês.
A expectativa era grande porque nos últimos três meses o país registrou uma série de deflações seguidas. As quedas foram de 0,68% em julho, 0,36% em agosto e 0,29% em setembro. A inflação tem relação direta com o aumento do preço dos produtos que o cidadão precisa comprar quando faz uma feira.
A nova alta foi puxada por uma série de fatores, mas o principal deles foi mesmo o grupo de alimentos. A batata, por exemplo, subiu 23%, mostrando uma tendência que já havia sido indicada pelos resultados mais recentes do valor da cesta básica, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Mas se engana quem pensa que apenas os alimentos são os responsáveis por este avanço da inflação. As passagens aéreas, por exemplo, registraram um aumento de 27,38% no preço e os planos de telefonia, 6,74%. O IBGE registrou também um recuo menor no preço dos combustíveis (1,27% em relação aos 8,5% registrados no mês de setembro).
Com os resultados, a inflação acumulada para este ano de 2022 é de 4,7%. Quando se considera os números dos últimos 12 meses, a taxa está em 6,47%. Em uma comparação com outubro do ano passado, a taxa foi de 1,25%, ainda considerando o histórico de números do IBGE para a inflação.
Aumento em quase todos os grupos
Segundo as informações do Instituto, o IPCA registrou aceleração em oito dos nove grupos centrais pesquisados. Abaixo, você pode conferir quais foram eles:
- vestuário: +1,22%
- saúde e cuidados pessoais: +1,16%
- alimentação e bebidas: +0,72%
- transportes: +0,58%
- despesas pessoais: +0,57%
- habitação: +0,34%
- artigos de residência: +0,39%
- educação: +0,18%
- comunicação: -0,48%
“Há um claro contraste, porque alimentação e transportes, os dois grupos de maior peso, tiveram variação negativa em setembro e altas em outubro”, disse o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Números da inflação
Logo depois do anúncio do IPCA pelo IBGE, analistas econômicos deram as suas perspectivas sobre a situação. A analista de economia Raquel Landim, disse que o aumento dos números justamente neste momento não estaria acontecendo por acaso.
“Depois de 3 meses de deflação, o IPCA subiu 0,59% em outubro, diz o IBGE. Destaques: alimentos (0,72%), saúde e cuidados pessoais (1,16%), transportes (0,58%). Não é coincidência que a inflação volte logo após a eleição”, disse ela.
Por outro lado, a economista Rafaela Vitória usou as suas redes sociais para dizer que os números ainda não são ruins, desde que o futuro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adote medidas de austeridade.
“Passagem aérea subiu 27% e contribuiu com 0,16p.p. Mas núcleos também subiram e difusão aumentou para 68%. Em 12 meses, a inflação acumulada ainda apresenta queda para 6,47%”, disse ela.
“Mas a alta de outubro serve de alerta que inflação ainda não está totalmente controlada e, para a política monetária ter efeito mais eficiente, é importante ser seguida de um fiscal também mais contido”, completou.