Você já encontrou notícia sobre a prática de evitar lavar roupas? É curioso, porém um crescente número pessoas vem adotando tal hábito peculiar. Desde fãs de calças jeans até designers famosos, muitos têm descoberto vantagens em reduzir a lavagem das suas vestimentas.
Um notável exemplo é o incrível Indigo Invitational, uma competição onde participantes do mundo todo usam os jeans conforme regras específicas pelo período de um ano. A chave para ter os jeans vencedores neste evento é conhecida como “denim low-wash” (lavagem mínima). Acredite: a abstenção de lavar calças auxilia na criação de padrões para desgaste exclusivos e desejáveis.
Então, Ryan Szabo, o fundador deste concurso, passou a adotar esse hábito de “low-wash” após utilizar o jeans sem lavar por seis meses ao longo de uma viagem. Mesmo parecendo peculiar, essa escolha faz parte de uma história bonita de amor, com os jeans ganhando um grande papel no seu relacionamento. Essa prática se difundiu e tem sid compartilhada por vários competidores don Indigo Invitational.
Indigo Invitational: o concurso sobre lavar roupas em menos vezes
Contudo, não são somente os admiradores de peças jeans que evitam essa excessiva higienização. Indivíduos como a Stella McCartney, uma estilista de renome, também adotaram a moda de “lavagem mínima”. Em entrevista, ela revelou que, a menos que seja absolutamente necessário, não realiza a limpeza frequente de suas vestimentas. Outros adeptos dessa prática a adotam em nome da sustentabilidade ou com o intuito de economizar energia.
O desafio da diminuição de lavagens
A empresa Wool & Prince comprou a ideia da “lavagem mínima” promovendo o “desafio” de utilizar os vestidos da lã merino todo dia consecutivamente até completar 100. A diminuição na lavagem é uma das recompensas do desafio que atrai clientes femininos e masculinos.
Chelsea Harry, consumidora dessa marca, aderiu também à moda de não lavar roupas. Assim, descobriu que, usando peças íntimas da lã merino ao longo de trilhas, conseguia passar vários dias sem precisar lavar. O estilo de vida a fez repensar hábitos de higienização, encontrando praticidade e conforto em evitar lavar roupas frequentemente.
Sustentabilidade e moda
Mas por que as pessoas estão adotando essa prática? Mark Sumner, um professor de moda sustentável, argumenta que a lavagem excessiva pode causar danos às roupas, resultando em rasgos, encolhimentos ou desbotamentos. Embora ele não defenda a abolição completa da lavagem, ele sugere que encontrar um equilíbrio é essencial. Se as roupas não estiverem sujas ou apresentando mau odor, não há necessidade de lavá-las constantemente.
Fibras sintéticas acabam poluindo os mares
As vestimentas que utilizamos, assim como detergentes industriais, desempenham um papel significativo na poluição dos mares e oceanos, especialmente quando feitas com fibras sintéticas que derivam do plástico. A microfibra de plástico contribui consideravelmente para aumentar a poluição marinha.
Embora a formação das ilhas de plástico em oceanos seja amplamente conhecida, a poluição através do plástico pode ser mais sutil e quase invisível. Os microplásticos, também conhecidos como pequenos fragmentos do produto, originam-se, em parte, de microgrânulos presentes nos itens para cuidados pessoais, tal como pastas de dente e esfoliantes corporais.
Esses microgrânulos e os fragmentos das fibras sintéticas são tão pequenos que escapam dos purificadores e sistemas para filtragem. As máquinas de lavar são importantes fontes da poluição, principalmente se lavamos roupas frequentemente feitas de fibras sintéticas.
Mark Browne, ecólogo, conduziu um estudo sobre a presença dos microplásticos nas praias de 18 locais ao redor do mundo, constatando que 85% dos materiais sintéticos acumulados eram compostos por microfibras.
Seriam nossas roupas e nossas máquinas de lavar os principais responsáveis pela poluição marinha?
O estudo de Browne tem implicações significativas para a conservação dos oceanos e a indústria da moda. Acredita-se que uma única peça de roupa possa liberar aproximadamente 1.900 microfibras sintéticas a cada lavagem. Ao multiplicar esse número pela quantidade diária de roupas sintéticas lavadas em todo o mundo, podemos imaginar a enorme quantidade de microplásticos que acabam nos corpos d’água anualmente.
Segundo o especialista, a primeira solução para esse problema deveria partir das empresas, que deveriam desenvolver tecidos sintéticos que não liberem fragmentos de fibras com tanta facilidade durante a lavagem. Browne buscou apoio de algumas empresas, mas infelizmente não obteve sucesso. O problema não foi considerado grave o suficiente e seus esforços para obter financiamento receberam pouco respaldo.
A segunda solução viável seria implementar sistemas de filtragem mais eficientes tanto nas máquinas de lavar domésticas quanto nos sistemas públicos de tratamento de água. Na opinião de Browne, as partículas de fibras sintéticas podem contaminar não apenas as águas, mas também o ar e os alimentos. Há anos, Browne tem se aprofundado nessa questão e pressionado por mudanças por parte das empresas, mas com resultados limitados. Agora, o ecólogo lançou novamente seu apelo no Twitter. Será que as empresas de vestuário se manifestarão?