De acordo com um estudo realizado pela Fundação Dom Cabral (FDC) em conjunto com a empresa de transportes de valores Brink’s, constatou que 53% das mulheres entrevistadas preferem fazer pagamentos em dinheiro. Além disso, 43,4% das mulheres no Brasil não possuem contas bancárias.
“Outro aspecto que também me chamou a atenção para dizer que as mulheres preferem fazer pagamento em dinheiro está em outra variável, que é a falta de acesso à tecnologia e ao sistema bancário. Isso impacta também a confiança, confiabilidade e segurança da mulher com outros meios de pagamento”, explica Fabian Salum, professor da FDC e responsável pela pesquisa.
Salum ainda afirmou que pessoas mais velhas acabam preferindo fazer pagamentos com dinheiro em espécie. “Pessoas mais velhas têm maior resistência, menos acesso, menos habilidade e menos confiança com relação ao sistema de pagamento, seja por cartão de crédito, débito, aplicativos e pagamento digital”, disse.
O estudo ainda constatou que analisando por idade ou geração, os brasileiros mais velhos são os grupos que mais preferem usar dinheiro em espécie. Dos indivíduos que têm mais de 76 anos, 86% preferem usar o papel moeda. Já os ‘baby boomers’ (nascidos entre 1946 e 1964), 66,7% têm a mesma preferência. Por fim, a ‘geração X’ (nascidos entre 1965 e 1981), 56,2% preferem fazer pagamentos com dinheiro físico. “É uma representação muito elevada e, por isso, é outro aspecto que justifica”, comentou o professor da Fundação Dom Cabral
A falta de renda própria entre mulheres
O estudo ainda constatou que a falta de renda própria entre mulheres (7,7%) é três vezes maior do que entre os homens (2%). Além disso, ao avaliar apenas as mulheres, o levantamento avalia que 57% se autodeclaram mais calculistas e cautelosas, do que entre os homens (50,3%).
Desigualdade salarial ainda é pauta no mercado de trabalho
De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres recebem cerca de 78% do que os homens ganham no Brasil. O levantamento foi realizado com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) entre os anos de 2012 e 2020.
A diferença de salário entre homens e mulheres é de mais de 20% e os valores analisados consideram os rendimentos médios mensais, já calculando a inflação do período.
No ano de 2012 a média salarial para as mulheres era de R$ 1.806, já entre os homens a média era de R$ 2.468. Em 2020 a média salarial das mulheres no Brasil era de R$ 1.951, enquanto os homens recebiam R$ 2.531. Desse modo, mesmo com muita luta pela igualdade salarial, as mulheres continuam em desvantagem.
A pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda pontuou que as áreas da economia que as mulheres mais ocupam cargos são administração pública, educação, saúde e serviços sociais. Já os homens são maioria no setor da construção civil, onde existem cerca de 263 mulheres empregadas contra 6 milhões de homens.