Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), atualmente, para encher um tanque de 60 litros de gasolina de um carro de passeio, os motoristas gastam, em média, R$ 100 a mais do que em janeiro. O levantamento mostra que, em janeiro, eram gastos R$ 280 para encher o tanque e, agora, são necessários R$ 383,40.
Sendo assim, o valor que encheria o tanque em janeiro, hoje em dia só enche 73% dele. E, da maneira como estão acontecendo os reajustes, quando os motoristas voltarem para abastecer, podem encontrar a gasolina ainda mais cara nos postos. Isto porque os dados do levantamento feito pela ANP ainda não incluem os efeitos do aumento anunciado na segunda-feira (25) pela Petrobras.
Segundo o novo reajuste anunciado, o preço do litro da gasolina enviado às distribuidoras terá aumento de R$ 0,21, cerca de 7% a mais. Já nas bombas dos postos de combustível, a mudança deve representar uma alta de R$ 0,15 por litro. Nesse sentido, este se configura como o segundo reajuste no preço do combustível este mês.
No mês de setembro, em meio às críticas em relação ao preço do combustível nas bombas, a Petrobras disse ser responsável por R$ 2 na fatia do preço da gasolina. Atualmente, a Petrobras tem parte no litro da gasolina de R$ 2,33, ou seja, no período de um mês, houve alta de R$ 0,33 por conta da petroleira.
Participação da Petrobras
Segundo o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Petrobras é responsável por cerca de 34% do valor final do combustível. Nesse sentido, o valor pode ser pequeno, mas já faz uma grande diferença no bolso dos motoristas, sobretudo os que necessitam de carro para o dia-a-dia.
“Na prática, os motoristas vão sentir um aumento no preço em torno de 3% nos postos de gasolina com o reajuste. Quanto à composição do valor da gasolina ao consumidor final, a Petrobras é responsável por cerca de 34% da parcela atualmente. Já outros 16,75% do restante é do custo do etanol anidro, misturado no combustível.
Enquanto isso, o ICMS, imposto cobrado pelos estados, corresponde a 27% do valor do litro do combustível. A participação das distribuidoras e revendas é de 11% e outros 11% incluem impostos federais, como CIDE, PIS/PASEP e COFINS, em média”, afirma o economista.
Ainda de acordo com André, o preço da gasolina pode aumentar ainda mais até o final do ano. Isto se justifica pois o valor do combustível depende de três fatores: o preço do barril do petróleo, a desvalorização do real frente ao dólar e o preço do álcool anidro, derivado da cana de açúcar.
Risco de desabastecimento de gasolina
Em nota enviada ao jornal CNN, a Petrobras afirmou que os preços dos combustíveis praticados pela companhia buscam o equilíbrio com o mercado internacional. Sendo assim, a gasolina acompanha as variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio, para cima e para baixo.
A empresa ressalta que o alinhamento ao mercado internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro mantenha seu suprimento de gasolina e outros combustíveis, sem riscos de desabastecimento.