Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens (CNC) mostram que quase 70% das famílias brasileiras estão com dívidas em aberto neste exato momento. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, essa é a maior proporção de endividados em mais de uma década. E nem os auxílios conseguiram amenizar essa situação.
De acordo com o levantamento, cerca de 69,7% das famílias brasileiras possuíam pelo menos uma dívida em aberto no último mês de junho. Em uma análise geral, isso representou portanto um aumento de 1,7% em relação ao que se viu no mês de maio. Na época, o Brasil registrou 68% das casas nesta situação.
O percentual de famílias que acreditam que não irão conseguir pagar essas contas foi de 10,8% em junho. Isso representa um leve aumento se compararmos com os 10,5% do mês de maio. No entanto, a taxa é um pouco menor se a comparação acontecer com junho do ano de 2020. Pelo menos é o que diz o CNC.
A pesquisa leva em consideração contas das mais diversas naturezas como cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal e prestação de carro e de casa. Várias pessoas responderam que estão com dívidas em aberto nestas áreas.
Vale lembrar que esse número elevado de famílias com esse problema se registra justamente em um momento em que vários governos das mais variadas esferas estão realizando pagamentos de auxílios para a população mais carente. E isso pode significar que as pessoas estão usando esse dinheiro para compras de itens de maior importância.
Auxílio Emergencial
No caso do Auxílio Emergencial do Governo Federal, vale lembrar, aliás, que existem dois calendários. O primeiro é o de repasses e o segundo é da liberação dos saques. Em um primeiro momento portanto o beneficiário não pode retirar o dinheiro em espécie.
No entanto, esse trabalhador pode usar a quantia de cara para fazer pagamentos de boletos e de outras contas. Na prática, dá para dizer que o trabalhador tem mais facilidade para pagar dívidas do que para comprar comida com esse dinheiro.
O Governo Federal afirma que divide esses calendários não com esse intuito, mas apenas com o propósito de evitar grandes aglomerações nos bancos. Vale lembrar que o país ainda está passando por uma pandemia mortal.
Decisão do STJ
No início desta semana, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que os bancos não podem penhorar o dinheiro do Auxílio Emergencial para pagar dívidas. Fazer isso, na visão dos magistrados, é ilegal.
Essa decisão do STJ diz respeito apenas a uma ação do Banco do Brasil. No entanto, ela pode acabar se replicando para outros casos. Então na prática, essas instituições financeiras não podem pegar o dinheiro do Auxílio para pagar dívidas dos usuários.
A não ser que o próprio beneficiário queria fazer isso. Nesse caso, ele mesmo pode pegar o dinheiro e fazer o pagamento. O banco é que não vai poder pegar a quantia e pagar a dívida do cidadão sem que ele opte por isso.