De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), grande parte dos bares e restaurantes do país estão endividados. As dívidas são provenientes, principalmente, do fato dos estabelecimentos estarem fechados nos últimos meses, por conta da pandemia de Covid-19, que afetou o faturamento da maioria dos bares e restaurantes.
Nesse contexto, quase três em cada quatro empresários do setor de bares e restaurantes (72%) apontam ter dívidas. Destes, 81% estão em atraso com o pagamento do Simples ou outros impostos federais (como Imposto de Renda e INSS).
Ademais, outros 43% dizem também ter problemas com impostos estaduais e municipais (como IPTU), 40% devem aluguel e 38% têm débitos vencidos de água/luz/gás. Apesar da reabertura dos estabelecimentos pelo país em abril, as dívidas continuam como um problema que pode durar por mais alguns meses.
Dificuldades para enfrentar as dívidas
Com tantas dívidas, 74% dos donos de bares e restaurantes dizem que fariam um empréstimo via Pronampe se o programa fosse reaberto pelo Governo Federal. Além disso, no mês de abril, 44% dos estabelecimentos não podiam funcionar depois das 20h, por conta da segunda onda de Covid-19.
O levantamento feito pela Abrasel ainda aponta que 77% desses empreendimentos apresentaram prejuízo no mês de abril, já em março, o índice era de 81%. Deste modo, 49% dos bares e restaurantes enfrentaram dificuldades para pagar salários, por causa das dívidas, número também melhor do que o de março deste ano, de 91%.
Assim, a melhora, segundo a entidade, é reflexo da reabertura dos estabelecimentos pelo país em abril. Com as novas medidas de manutenção de emprego do governo, 58% dos donos de bares e restaurantes pretendem adiar o pagamento do FGTS, 44% pretendem adotar a redução de jornada e 42% querem adotar a suspensão de contratos.
Ademais, nesse setor, a imagem dos governos estaduais está desgastada. 76% dos donos dos estabelecimentos desaprovam totalmente ou em parte as ações dessas autoridades na pandemia e as consideram como responsáveis pelas dívidas. As prefeituras têm 66% de desaprovação, contra 42% do Governo Federal.
Desemprego no Brasil também aumentou na pandemia
Segundo dados divulgados nessa semana pelo IBGE, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 14,7% no primeiro trimestre deste ano. A taxa representa o maior contingente de desocupados de todos os trimestres da série histórica, iniciada em 2012. Assim, grande parte dos trabalhadores enfrentam desafios entre as dívidas e o desemprego.
Segundo dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), a taxa de desemprego de 14,7% representou uma alta de 0,8 ponto percentual em comparação com o último trimestre de 2020. Logo, isso corresponde a um aumento de 880 mil desempregados em todo o país, o que pode aumentar o número também de pessoas com dívidas e débitos atrasados.
Por fim, ainda segundo o IBGE, apesar do aumento de desemprego e dívidas em diversos setores, a taxa de trabalhadores informais ficou em 39,6% no primeiro trimestre deste ano, o que equivale a 34 milhões de pessoas. Portanto, o setor apresenta uma estabilidade em relação ao trimestre do ano anterior.