Maioria não quer solicitar consignado do Auxílio, diz pesquisa

Maioria não quer solicitar consignado do Auxílio Brasil, diz pesquisa

De acordo com nova pesquisa do Instituto Datafolha, maioria dos usuários do Auxílio Brasil não quer solicitar o consignado

Seis em cada 10 usuários do projeto Auxílio Brasil não querem solicitar o consignado do programa. Este é o crédito que libera um saldo para que o indivíduo tenha que pagar depois na forma de descontos mensais nas parcelas do benefício. Os dados são de uma pesquisa Datafolha divulgada nesta semana.

Segundo o levantamento, 15% dos beneficiários já solicitaram o crédito junto a um banco. Vale lembrar que o consignado do Auxílio Brasil está oficialmente liberado desde o último mês de outubro. Além deles, 13% dos usuários que ainda não solicitaram o crédito, admitem que ainda podem solicitar o saldo nas próximas semanas.

A maioria ainda não solicitou e não pretende solicitar o crédito. Conforme o Datafolha mais recente, 66% dos usuários que hoje fazem parte do Auxílio Brasil afirmam que não querem pegar este dinheiro. O levantamento foi realizado entre os dias 19 e 20 de dezembro, ou seja, depois de a Procuradoria Geral da República (PGR) considerar que o crédito é inconstitucional

Em ofício enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador Augusto Aras disse que a liberação do consignado colocaria em risco o preceito de dignidade humana.

“Nesse cenário de crise, os destinatários da norma estarão ainda mais vulneráveis às instituições financeiras credoras, devido ao estado de necessidade”, diz o documento.

“Podendo comprometer um percentual significativo de sua renda mensal, os tomadores de empréstimos consignados estarão no caminho do superendividamento. Tratando-se dos beneficiários dos programas de transferência de renda, esse cenário mostra-se ainda mais preocupante, pois potencialmente comprometedor da dignidade humana”, segue.

“A Constituição Federal determina que o Estado haja proativamente na defesa do consumidor, considerando sua situação de vulnerabilidade econômica e social”, completa o texto.

Dados do Datafolha

Ainda tomando como base os dados do Datafolha é possível dizer que as mulheres que fazem parte do Auxílio Brasil rejeitam mais o consignado em comparação com os homens que fazem parte do programa social.

Estima-se que 70% das usuárias mulheres do projeto já admitem que não devem solicitar o consignado nem agora e nem depois. A maioria dos homens que recebe o Auxílio também afirma que não quer pegar o crédito, mas a taxa é notadamente menor: 60%.

Obviamente, estas taxas podem mudar no decorrer dos dias. Uma pessoa que diz hoje que não vai pegar o consignado, pode se deparar com alguma nova situação que a faça mudar de ideia dentro de mais alguns dias. A possibilidade contrária também existe.

Críticas ao Auxílio

Nesta semana, o grupo de transição entregou ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o seu relatório de trabalho das últimas semanas. Neste ofício, há uma série de críticas ao crédito. Entre outros pontos, a equipe afirma que esta liberação teria acontecido para atender “interesses eleitoreiros” de Bolsonaro.

“Dados do Ministério da Cidadania informam que R$ 9,5 bilhões de empréstimos consignados para beneficiários do Auxílio Brasil e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) foram concedidos nas vésperas da eleição. A Caixa o fez sem respeitar a lei das estatais, com taxas de juros exorbitantes, nenhum dos grandes bancos do país aderiram ao programa dado seu risco, o que foi viabilizado por medida provisória, convertida na Lei 14.431/2022”, diz o documento.

“Assim, um a cada seis beneficiários do Auxílio Brasil contraiu o empréstimo consignado. Essas pessoas terão até 40% do valor de seu benefício comprometido, mesmo que não permaneçam no programa. A medida, claramente eleitoreira, vai na contramão das políticas de proteção social, colocando em risco benefícios futuros.”

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