Lula silencia sobre futuro do consignado do Auxílio Brasil

Lula silencia sobre futuro do consignado do Auxílio Brasil

Presidente eleito vem preferindo não focar no assunto do consignado do Auxílio Brasil, e levanta dúvidas sobre futuro

É falsa a informação de que o ex-presidente Lula (PT) teria prometido acabar com o sistema do consignado do Auxílio Brasil. Em toda a sua campanha, o então candidato não chegou a fazer esta indicação. De todo modo, ele ainda não chegou a falar sobre o assunto nem mesmo depois de conseguir vencer as eleições.

O consignado do Auxílio Brasil é um programa de autoria do governo Bolsonaro aprovado pelo Congresso Nacional. A ideia central é que os usuários peguem o saldo e tenham que pagar de volta na forma de descontos mensais nas parcelas do programa. Até que consiga quitar a dívida, o cidadão vai receber menos por mês.

O presidente eleito Lula está preferindo não falar sobre o assunto e tomou uma postura diferente em relação aos seus principais adversários. O ex-ministro, Ciro Gomes (PDT), por exemplo, chegou a dizer que acabaria com o formato de empréstimo assim que chegasse na presidência, por entender que se trataria de um “genocídio” da população pobre.

Embora Lula venha mantendo silêncio sobre o assunto, o mesmo não se pode falar do seu partido. Em nota oficial lançada ainda durante a campanha, o PT fez duras críticas ao projeto de Bolsonaro.

“Entre os mais pobres, o empréstimo consignado do Auxílio Brasil é uma arapuca financeira armada por Bolsonaro e Guedes (Paulo Guedes, Ministro da Economia) que aprisionará as famílias em dívidas caras que elas terão que pagar mesmo se perderem o benefício. A maioria, aponta Paola Carvalho, diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica (RBRB), usará o valor apenas para pagar contas em atraso, trocando uma dívida por outra”, diz a nota.

A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, também chegou a criticar o sistema durante a campanha. “Bancos podem cobrar até 79% de juros ano para o consignado do Auxílio Brasil. É a exploração dos pobres viabilizada por Bolsonaro”, disse ela.

Por que o consignado é polêmico?

Desde que anunciou a liberação do consignado do Auxílio Brasil, o Governo Federal vem recebendo uma série de críticas. Mas afinal de contas, quais são as principais queixas das pessoas que não concordam com a liberação do saldo?

Segundo órgãos da sociedade civil, a liberação do consignado poderia contribuir para um maior endividamento da população mais pobre. Isto aconteceria, segundo estes críticos, justamente por causa dos abatimentos mensais do programa e da taxa de juros estabelecida pelos bancos.

O Governo se defende e afirma que o consignado é importante. Em entrevistas recentes, o Ministro da Cidadania, Ronaldo Vieira Bento, disse que o objetivo é justamente conseguir fazer com que a população mais pobre entre no sistema de crédito dos bancos.

As regras do empréstimo

Pouco antes das eleições, o Ministério da Cidadania decidiu regulamentar o consignado do Auxílio Brasil. Entre outros pontos, a pasta decidiu que os bancos não podem cobrar taxas de juros maiores do que 3,5% ao mês.

O estabelecimento de um teto para a taxa de juros foi comemorado por alguns setores, mas ainda não deixa de causar preocupação em algumas pessoas. Esta taxa de 3,5% ao mês significa automaticamente mais de 50% ao ano. Trata-se de um sistema com juros mais altos do que a média do mercado.

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