Bancos públicos como a Caixa Econômica Federal podem deixar de oferecer o consignado para segurados do INSS. Ao menos esta é a avaliação de membros do Governo Federal. A situação vem preocupando o Ministério da Fazenda.
Quando o Ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), comemorou a decisão de reduzir a taxa de juros do consignado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), muita gente comemorou junto. Contudo, informações de bastidores colhidas pela emissora Globo News apontam que alguns setores do próprio Governo Lula não gostaram nada da ideia.
Nesta semana, o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) decidiu que o teto da taxa de juros do consignado do INSS vai cair de 2,14% para 1,70%. A decisão foi tomada depois de uma votação que terminou em 12 a 3 pela redução. O Ministro Carlos Lupi foi o grande cabo eleitoral pela mudança no sistema de cobrança de juros.
O que não se sabia até aqui é que nesta mesma reunião que sacramentou a redução, uma outra ala do Governo estava trabalhando por um resultado diferente. Aliados do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) queriam que o CNPS não mudasse a taxa de juros e mantivesse o patamar nos 2,14% ou ao menos reduzisse o teto para uma taxa pouco acima de 2%, o que não aconteceu.
Por que Fazenda era contra redução de juros?
Ainda de acordo com informações de bastidores, a avaliação do Ministério da Fazenda é de que a redução do teto de juros para 1,70% vai inviabilizar a oferta do crédito, inclusive em bancos públicos como a Caixa Econômica Federal. Eles acreditam que uma taxa a 1,70% não é lucrativa para os bancos.
Com menos bancos oferecendo o consignado do INSS com esta taxa, os aposentados e pensionistas poderiam optar por empréstimos com linhas mais caras. Trata-se, portanto, de um movimento diferente daquele que o Governo Federal quer investir, de facilitação de entrada em linhas mais baratas.
Comemoração de Lupi
Por meio de suas redes sociais, o Ministro Carlos Lupi disse que a redução da taxa de juros teria sido uma vitória. Ele indicou ainda que tal diminuição do teto estaria dentro da proposta do novo governo.
“Como presidente do Conselho (CNPS), fico orgulhoso em participar desta decisão. Baixar os juros é a bandeira do nosso governo, e no que depender do Ministério da Previdência, estaremos sempre prontos para ajudar”, disse Lupi na última segunda-feira (13).
Bronca pública
Um dia depois da reunião que sacramentou a redução da taxa de juros do INSS, Lupi participou de uma reunião ministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e vários ouros ministros de estado.
Antes do início das discussões internas, Lula disse que não permitiria mais que seus ministros tomassem decisões antes de passar pelos Ministério da Casa Civil, da Fazenda e do Planejamento.
“Não podemos correr o risco de anunciar algo que não vai acontecer. Minha sugestão é que ninguém anuncie nada, absolutamente nada, que seja novo sem passar pela Casa Civil”, declarou o presidente.
“Queria que vocês tivessem certeza que, do ponto de vista da Presidência e da Casa Civil, vocês terão todo o apoio desde que combinando com o Haddad (Fernando Haddad, Ministro da Fazenda) e com a Simone (Simone Tebet, Ministra do Planejamento e Orçamento), que são as pessoas que cuidam do caixa do governo”, completou ele.
A decisão oficial de redução do teto da taxa de juros já foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).