O ex-presidente Lula (PT) disse durante um evento de campanha na última semana que os últimos governos não estariam aumentando a renda dos trabalhadores. “O salário mínimo faz cinco anos que não aumenta” disse ele. Contudo, o fato é que se trata de uma informação falsa. Nos últimos anos, alguns aumentos foram praticados.
Entre 2018 e 2019, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indica que o salário mínimo aumentou 1,14% acima da inflação. É o que se chama comumente de ganho real. Em 2018 o salário mínimo era de R$ 954 e em 2019 o patamar subiu para a casa dos R$ 998, beirando R$ 1 mil pela primeira vez.
Entre os anos de 2019 e de 2020, ainda considerando os números do Dieese, o salário mínimo passou para R$ 1.045, com um chamado aumento real de 0,39%. Nestes dois anos, o Governo conseguiu aplicar a elevação do valor para o um patamar que poderia permitir um aumento do poder de compra do brasileiro.
O cenário começou a mudar entre os anos de 2020 e 2021. Nesta passagem, o salário mínimo passou de R$ 1,045 para R$ 1.100 e não houve ganho real. O Governo até elevou o valor dos recebimentos, mas apenas dentro da inflação. Este tipo de elevação existe apenas para que o cidadão não perca o poder de compra.
Entre os anos de 2021 e de 2022, também não houve um aumento real do salário mínimo. No final das contas, a equipe econômica de Bolsonaro decidiu elevar o patamar para a casa dos R$ 1.212. A elevação mais uma vez considerou apenas a questão da inflação, ou seja, as pessoas pouco sentiram este aumento.
O aumento real
Quando o ex-presidente Lula fala sobre os anos sem aumento, ele está se referindo ao aumento real do salário mínimo. Todos os anos, o Governo precisa reajustar o piso para cima, o que pode mudar é se esta elevação será real ou não.
No aumento real, o Governo aplica uma elevação para acima da inflação. Assim, as pessoas podem receber um valor que vai fazer com que elas acabem podendo ter um maior poder de compra. Com mais dinheiro no bolso, elas podem fazer uma feira maior, por exemplo.
Quando o salário mínimo não tem um aumento real, o Governo considera a elevação apenas de acordo com os dados da inflação. Neste caso, o cidadão não sente a mudança porque os preços dos produtos e serviços também subiu em um mesmo nível.
Além do salário mínimo
Este é um fenômeno sentido não apenas pelos cidadãos que recebem o salário mínimo, mas também por aqueles que fazem parte de programas sociais como o Auxílio Brasil, por exemplo. Neste caso, também pode existir perda do poder de compra.
Hoje, o Auxílio Brasil de R$ 600 vale menos do que o Auxílio Emergencial de igual valor, pago em 2020. Tudo por causa do aumento da inflação, que puxou para cima os preços dos produtos.
Há uma agravante neste sentido. Ao contrário do salário mínimo, o Governo Federal não é obrigado a reajustar os valores do Auxílio Brasil todos os anos. Assim, existe a possibilidade de as pessoas não terem aumento nenhum mesmo em um cenário de inflação alta.