Publicado pela primeira vez em 1988, Papéis Avulsos foi o terceiro livro de contos lançado por Machado de Assis, um dos maiores contistas da literatura brasileira. Assim como o romance Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), o livro de contos marca o início da fase realista da escrita machadiana.
Além disso, a obra é de suma importância para constituir a literatura de Machado de Assis em cânone da literatura brasileira. Papéis Avulsos marca uma ruptura e, nele, o autor imprime a sua identidade única e estilo inconfundível.
O título do livro traz o adjetivo “avulsos” para indicar a casualidade no arranjo dos escritos, que não estão necessariamente ligados entre si, mas ainda assim os contos trazem temas análogos. Em certa medida, os contos abordam dualidades e pares antagônicos.
Desse modo, Machado de Assis usa muita ironia nas narrativas ao discutir a contradição entre entre ser e parecer, entre vida pública e vida íntima ou interior, entre o que se transparece e o que se deseja. Além disso, ele aborda temas como mediocridade, adultério e egoísmo, entre outros.
Sobre os contos
O livro é composto por treze contos, são eles: “Advertência”, “O Alienista”, “Teoria do Medalhão”, “A Chinela Turca”, “Na arca”, “D. Benedita”, “O Segredo do Bonzo”, “O anel de Polícrates”, “O empréstimo”, “A Sereníssima República”, “O Espelho”, “Uma Visita de Alcibíades”, e “Verba testamentária”.
Um dos contos que aborda de forma evidente essa contradição é “O Espelho”. A narrativa traz como personagem principal Jacobina, o ‘Sr. Alferes’. Ele relata a um grupo de amigos sua história com o objetivo de provar que o ser humano tem duas almas. Assim, ele fala de uma experiência que teve de perder-se de quem era interiormente após receber o título de Alferes.
Através de um espelho antigo e valioso, o jovem Jacobina passa a se ver como os outros o enxergam, de modo que a sua imagem exterior domina a sua verdadeira identidade: “o alferes eliminou o homem”. Nesse sentido, esse conto é excelente para visualizar e compreender a filosofia machadiana usada nos contos que compõem o livro Papéis Avulsos.
Já os contos “A Sereníssima República”, “O Segredo do Bonzo” e “Teoria do Medalhão” colocam em questão em suas narrativas aquilo que se quer ser e o que realmente é. Outro texto de destaque é “O Alienista”. O texto, que se difere da estrutura do conto trazendo subdivisões em capítulos, aborda questões psicológicos e sociais.
Por fim, é preciso dar destaque para a linguagem impressa por Machado de Assis neste livro. O escritor rompe com a tradicional sequência linear do enredo, traz constantes interferências do narrador por meio de digressões, e explora muito bem a metalinguagem.
Clique aqui para baixar o livro e conhecer melhor os contos citados.
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