No mundo atual, o cartão de crédito se tornou um meio de pagamento amplamente utilizado pelos brasileiros, oferecendo comodidade e facilidade nas transações. Uma das vantagens mais apreciadas pelos consumidores é a possibilidade de parcelar suas compras sem juros, o que incentiva o consumo e aumenta o tíquete médio de vendas. No entanto, nos últimos tempos, tem havido discussões sobre a limitação do número de parcelas no financiamento com cartão de crédito, o que pode ter um impacto significativo nas vendas e no consumo. Neste artigo, exploraremos os resultados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, que revela as estimativas de comerciantes e consumidores sobre os possíveis efeitos dessa limitação.
Comerciantes estimam queda nas vendas
De acordo com a pesquisa do Instituto Locomotiva, 72% dos comerciantes brasileiros acreditam que suas vendas seriam afetadas se o número de parcelas sem juros no cartão de crédito fosse limitado. Essa preocupação é compreensível, uma vez que o parcelamento sem juros é um atrativo para os consumidores e pode influenciar sua decisão de compra. Se essa opção for restrita, muitos consumidores podem reconsiderar suas decisões de compra, adiando ou reduzindo gastos. Isso resultaria em uma diminuição da frequência de compras e uma redução nos volumes de transações para os comerciantes.
O Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Tadros, alerta para os impactos negativos que o fim do parcelamento sem juros teria no consumo e nas vendas. Segundo Tadros, o parcelamento sem juros incentiva as compras e o aumento do tíquete médio de vendas, atraindo consumidores que preferem distribuir o pagamento ao longo de parcelas sem encargos adicionais. Restrições a essa forma de pagamento teriam enormes implicações no consumo de bens duráveis, por exemplo.
Impacto nos consumidores
A pesquisa do Instituto Locomotiva também buscou entender como os consumidores reagiriam à limitação do número de parcelas. Surpreendentemente, 77% dos consultados responderam que consumiriam menos caso essa restrição fosse imposta. Isso representa um total de 118 milhões de consumidores que reduziriam suas compras de produtos e serviços. Essa queda no consumo teria consequências significativas para diversos setores da economia, especialmente aqueles que costumam parcelar em mais de 12 vezes, como lojas de material de construção.
Os argumentos do Banco Central
As discussões sobre a limitação do número de parcelas no financiamento com cartão de crédito surgiram no contexto das tentativas de reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito. O Banco Central, juntamente com um grupo de trabalho formado por bandeiras de cartão, bancos e empresas de adquirência, busca soluções para esse problema. Além da redução dos juros, os bancos também defendem a revisão do modelo de parcelamento sem juros.
Uma das sugestões discutidas em uma reunião realizada pelo Banco Central e os demais envolvidos nessa cadeia foi a possibilidade de fixar em 12 o número máximo de parcelas em uma compra sem juros com cartão. Essa proposta, se implementada, teria um impacto direto nos comerciantes e consumidores, como revelam os dados da pesquisa do Instituto Locomotiva.
As preocupações dos comerciantes
A limitação do número de parcelas sem juros no cartão de crédito é vista com preocupação pelos comerciantes, especialmente aqueles que trabalham com produtos de maior valor agregado, como eletrônicos, eletrodomésticos, móveis e veículos. Esses setores costumam oferecer parcelamentos em mais de 12 vezes, atraindo consumidores que preferem diluir o pagamento ao longo de um período mais extenso.
Geraldo Defalco, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), destaca que esse setor é um dos mais afetados por essa possível limitação. Atualmente, as lojas de material de construção costumam parcelar suas vendas em até 18 vezes. Caso o número máximo de parcelas seja reduzido para 12, isso afetaria diretamente a capacidade dos consumidores de adquirirem produtos desse segmento, o que poderia resultar em uma queda significativa nas vendas.
O impacto no consumo de bens duráveis
Além do setor de material de construção, outros segmentos da economia também seriam afetados pela limitação do número de parcelas sem juros. Produtos duráveis, como eletrônicos, móveis e veículos, são frequentemente adquiridos por meio de parcelamento no cartão de crédito. Restrições a essa forma de pagamento poderiam levar muitos consumidores a adiar ou até mesmo desistir de suas compras, prejudicando tanto os comerciantes quanto a indústria desses produtos.
José Roberto Tadros, presidente da CNC, destaca que o parcelamento sem juros é um incentivo ao consumo de bens duráveis, pois permite que os consumidores adquiram esses produtos de forma mais acessível. Portanto, qualquer limitação a essa forma de pagamento teria um impacto negativo no consumo e nas vendas desses bens.
Queda nas vendas
A limitação do número de parcelas no financiamento com cartão de crédito, como sugerido pelo Banco Central, tem gerado preocupações entre comerciantes e consumidores. A pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva revela que tanto os comerciantes quanto os consumidores estimam uma queda nas vendas e no consumo caso essa restrição seja imposta. Setores como o de material de construção, que costumam parcelar em mais de 12 vezes, seriam particularmente afetados.
Portanto, é necessário que as partes envolvidas nessas discussões encontrem soluções que equilibrem a necessidade de redução dos juros do rotativo do cartão de crédito com a manutenção de opções atrativas de parcelamento sem juros. Dessa forma, será possível evitar impactos negativos no consumo, nas vendas e na economia como um todo.