O rotativo do cartão de crédito é a modalidade pré-aprovada no cartão. Essa é a linha de crédito mais cara do mercado, com juros considerados abusivos pelos analistas. No entanto, nem mesmo isso afasta os consumidores, que continuam recorrendo à modalidade.
Na verdade, a procura rotativo do cartão sempre se mostra muito elevada porque permite a contratação do crédito por pessoas que não têm condições de pagar o valor total da fatura na data do vencimento.
Atualmente, milhares de pessoas se encontram nessa situação no Brasil, e acabam recorrendo a essa linha de crédito.
Em primeiro lugar, vale destacar que os juros da modalidade chegaram a 437,3% ao ano em junho de 2023, em média. Essa taxa é a mais elevada do mercado e acaba colocando os consumidores em situações ainda mais críticas, reduzindo as chances de pagamento das dívidas.
Veja abaixo os motivos que elevam os juros:
De acordo com o Banco Central, quase metade das operações com o rotativo do cartão de crédito está inadimplente no país. Dados do levantamento da autarquia mostram que a taxa de inadimplência do rotativo chegou a 49,1% em junh0.
Em meio à uma taxa tão elevada de pessoas com contas atrasadas, os bancos tendem a elevar os juros, para que os pagadores cubram os valores dos devedores. O cenário parece um ciclo sem fim, visto que os juros são muito altos devido à inadimplência, e esta é bastante elevada por causa dos juros.
Outro fator que impulsiona os juros da modalidade são os prazos longos de pagamento. Como o prazo de financiamento exerce influência direta no custo de capital dos bancos, aumentando o risco do rotativo, os juros acabam sendo muito elevados.
“A inadimplência das compras parceladas em longo prazo é bem maior do que na modalidade à vista, cerca de duas vezes na média da carteira e três vezes para o público de baixa renda“, explicou a Febraban, em nota.
Existe um terceiro motivo para os juros tão elevados do rotativo do cartão de crédito. Em síntese, a modalidade ajuda a cobrir o risco da concessão do crédito, ou seja, os bancos emprestam dinheiro e o rotativo ajuda a cobrir o risco, que é muito alto na modalidade.
“Cerca de 75% das operações de cartão dos bancos emissores são realizadas no modelo de parcelado sem juros, em que uma operação de compra é parcelada em até 10 a 12 pagamentos. Nesta operação, o banco emissor garante integralmente o pagamento ao lojista [que não corre risco de crédito], mas não recebe nada de juros para cobrir este risco“, diz a Febraban.
O primeiro motivo que eleva os juros rotativos do cartão é a inadimplência da operação, que supera 49%. Contudo, vale destacar que a modalidade se direciona justamente aos consumidores que não conseguem pagar a fatura total do cartão, ou seja, tendem a se tornar inadimplentes.
Como o rotativo se refere às faturas cujo vencimento já passou, o banco passa a cobrar juros de cerca de 15% ao mês. Aliás, os consumidores só podem usar o rotativo por 30 dias. Após esse período, os consumidores inadimplentes não podem mais utilizar a linha de crédito.
Após o prazo, o banco deve transferir, obrigatoriamente, a dívida para uma linha de crédito mais acessível, com melhores condições ao consumidor e juros mais baixos. Isso vem acontecendo desde 2017, quando a lei foi alterada.
A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) fez alguns cálculos para refletir o impacto que dos juros rotativos do cartão de crédito. Veja abaixo alguns exemplos, que consideraram uma taxa de juros de 14,83% ao mês no rotativo e de 9% ao mês no parcelamento
Nos últimos dias, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que a autarquia está estudando ações para reduzir a inadimplência do rotativo do cartão. Uma das opções consiste em reduzir os juros da modalidade, dificultando o seu pagamento.
O problema é que os bancos poderiam parar de oferecer a modalidade às pessoas com “maior risco”, ou seja, que estão inadimplentes recorrentemente. Isso seria ruim para o Brasil, pois iria prejudicar o consumo e o varejo, afirmou o presidente do BC.
Outra alternativa que o presidente do BC ventilou foi a possibilidade de acabar com a o rotativo. Isso gerou polêmica e críticas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que não vê essa como a melhor solução para o problema. De todo modo, ainda não há definição sobre o que será feito.