Juros do cheque especial atinge 129,6% ao ano e o rotativo vai a 346%

Em meio a alta da taxa básica de juros (Selic), que fecha 2021 a 9,25%, aumentou também o custo dos empréstimos nas modalidades de crédito. O juros médio do cheque especial (LIS), por exemplo,  avançou e atingiu os 129,6% ao ano no último mês de novembro. A fim de comparação, no mesmo período do ano passado a taxa era de 113,5% a.a.

Esses dados foram divulgados pelo Banco Central (BC) nesta terça-feira (28) na edição da Nota Monetária de Crédito. O próprio BC estabeleceu em 2020, que a modalidade de juros do cheque especial não pode ultrapassar os 8% ao mês, equivalente a 151,8% a.a.

Ao mesmo tempo em que as taxas do LIS estão em alta, o juros médio para cartão de crédito rotativo subiu pelo quinto mês consecutivo. A taxa passou de 343,5% a.a. em outubro para 346,1% a.a. em novembro. O crédito rotativo é quando o consumidor não paga o valor integral da fatura até a data de vencimento.

Devido às altas taxas de juros impostas aos modelos de crédito, torna-se ainda mais “perigoso” utilizá-los sem conhecimento, já que o cheque especial e o crédito rotativo são as principais causas de endividamento da população brasileira. Por isso, é de suma importância entender como eles funcionam.

Juros do cheque especial: como calcular e por que é tão alto?

Embora existam instituições financeiras que oferecem alguns dias para a utilização do cheque especial sem a cobrança de juros, após esse período as taxas podem chegar a mais de 300% ao ano.

Confira a seguir, o valor médio das principais taxas de juros, segundo dados divulgados pelo BC:

Modalidade de crédito Taxa de juros (ao ano)
Cheque especial323%
Rotativo do cartão de crédito300%
Parcelamento do cartão de crédito175%
Crédito pessoal120%
Crédito consignado privado (Creditas)16,6%
Empréstimo com garantia de veículo (Creditas)12,5%
Empréstimo com garantia de imóvel (Creditas)10,6%

É ainda mais importante fazer o cálculo exato dos juros do cheque especial porque ele funciona de forma diferenciada em relação a outras linhas de empréstimo. Embora as taxas sejam acrescidas ao valor principal todo mês, a cobrança é realizada por dia, sob juros compostos.

Isso significa que no primeiro dia de uso do cheque especial a taxa incide sobre o total inicial devido. No dia seguinte, ela recai sobre o valor inicial mais o juros do dia anterior e assim por diante. O resultado é um custo altíssimo para quem contrata.

Como funciona o cheque especial ou LIS

Entender como funciona o cheque especial é uma necessidade urgente no Brasil, já que mais da metade da população esteve inadimplente nos últimos anos. Isso é o que mostra o  levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).  O cheque especial figura entre as principais causas deste endividamento, devido às altas taxas de juros.

Apesar de perigosa, essa modalidade ainda é uma das mais acessadas pela população, por conta da praticidade na contratação e facilidade de acesso. Por isso, muitas vezes o limite pré-aprovado (cheque especial), é utilizado para “completar a renda mensal” e continuar consumindo mesmo quando já não há saldo disponível na conta.

Ele funciona como uma espécie de empréstimo automático. Quando o cliente utiliza todo o saldo da sua conta bancária, o banco empresta automaticamente um valor pré-aprovado para que ele possa continuar consumindo. E, como em qualquer empréstimo, existem juros para o uso desse montante.

Para exemplificar, se o consumidor tem 200 reais em sua conta corrente e paga um boleto de 250 reais, por exemplo, vai usar 50 reais do valor disponível do seu cheque especial. Essa quantia deverá ser devolvida com juros, assim que entrar algum dinheiro na conta. Por isso é necessário ficar atento, e só utilizar o LIS em situações de urgência.

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