Um dos temas mais polêmicos dentro da área econômica do governo federal em 2023, os juros do rotativo do cartão de crédito parecem ter dado uma trégua nas últimas semanas. Dados mais recentes divulgados pelo Banco Central (BC) indicam que a taxa média de juros desta modalidade caiu 9,5 pontos percentuais entre os meses de setembro e outubro.
A informação foi confirmada pelo BC no início da tarde desta terça-feira (5). Segundo os números divulgados, a taxa média dos juros do rotativo do cartão de crédito foi reduzida de 444,1% em setembro, para 431,6% ao ano neste último mês de outubro.
Este é o menor nível médio de juros do rotativo do cartão de crédito desde fevereiro de 2023 quando a taxa média ficou na casa dos 420,4% ao ano.
O que é o rotativo do cartão de crédito
Imagine que a fatura do cartão chegou e você não tem o dinheiro para pagar todo o valor cobrado. No app do banco, há um convidativo botão afirmando que você pode pagar apenas uma parte daquele patamar e deixar o resto para depois. Pronto. Você está a um clique de entrar em uma espécie de bola de neve.
Dados oficiais do Banco Central (BC) divulgados nesta semana mostram que cada vez mais brasileiros estão aderindo ao botãozinho convidativo do app, e entrando em uma bola de neve de dívidas. Em grande parte, este aumento da inadimplência ocorre também por causa dos juros que são cobrados sobre o montante que não é pago.
Críticas ao juro do rotativo continuam
Mesmo que a queda tenha sido sentida nas últimas semanas, o fato é que a taxa média de juros do rotativo do cartão de crédito segue alta, e o consumidor precisa tomar muito cuidado, porque a chance de endividamento existe.
Opinião de especialistas:
“É uma anomalia muito grande uma taxa de juros que beira os 500%. Alguma coisa, de fato, precisa ser feita. Nesse sentido, a possibilidade de mudar ou até mesmo extinguir esse tipo de cobrança é bem-vinda”, afirma André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online.
Opinião do Ministério da Fazenda:
“Temos que ter muito cuidado para não afetar as compras no comércio e não fazer um outro problema para resolver o 1º. Então nosso foco é o rotativo. O rotativo não pode continuar como está e eu tenho um compromisso dos bancos de que essa mesa de negociação tem prazo para terminar”, declarou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em entrevista recente.
“Não vou me antecipar quanto à solução porque, se não, o grupo de trabalho vai se extinguir. Mas o Banco Central faz parte desse grupo e estamos em interação permanente. Aqui na Fazenda, a liderança do tema é com a Secretaria de Reformas Econômicas. Mas a Febraban e o IDV também estão sintonizados para buscar uma equação para o problema”, seguiu ele.
Opinião do Banco Central (BC):
Quem também falou que medidas precisam ser tomadas foi o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
“Sem rotativo, a fatura não paga iria direto para o parcelado. Deve ser anunciado nas próximas semanas”, afirmou o presidente do BC, em arguição pública no plenário do Senado. “Deveríamos ter feito antes medidas para solucionar rotativo”, admitiu.
No entanto, ele recebeu críticas do representantes dos bancos depois desta declaração e deu alguns passos atrás em entrevista recente. “Ninguém quer criar nenhum tipo de ruptura que possa causar impacto para as pessoas”, disse Campos Neto.
Como fugir do rotativo
Enquanto o governo federal e o Banco Central não tomam medidas para frear o problema dos juros do rotativo do cartão de crédito, vai caber ao cidadão tomar cuidados para não cair na bola de neve.
Um das dicas mais importantes, é anotar todos os seus gastos em uma folha de papel para entender exatamente qual é o valor que vai ser cobrado em sua fatura. Assim, o cidadão vai saber quando poderá fazer compras sem comprometer a sua renda.
Outra dica importante é optar pela negociação do boleto. Ao invés de entrar no rotativo, o consumidor pode entrar em contato com o seu banco para negociar o valor da sua fatura, o que pode fazer com que ele quite a dívida sob juros mais baixos.