De acordo com o estudo Uma análise multidimensional da burocracia pública brasileira em duas décadas (1995-2016), plataforma inédita lançada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os servidores do Executivo federal receberam, em média, 50% das remunerações do Judiciário federal entre 2007 e 2016: R$ 8 mil contra R$ 16 mil, respectivamente. Já no Legislativo federal, os salários no período foram equivalentes a 90% da remuneração do Judiciário, em torno de R$ 14,3 mil.
A nova plataforma lançada pelo IPEA disponibiliza, por nível federativo e pelos três poderes, informações como total de vínculos de emprego no setor público, evolução anual da remuneração mensal média, comparações entre civis e militares, diferenças de remuneração por gênero, nível de escolaridade dos servidores e como isso influencia nas remunerações, entre outros dados.
“O propósito do Atlas é alinhavar o debate com dados consistentes e de fácil compreensão, para que subsidiem um debate de qualidade pela sociedade”, explicou um dos coordenadores do projeto e pesquisador do Ipea, Felix Garcia Lopez.
Remunerações dos servidores estaduais também variam
O cruzamento de dados disponíveis no Atlas do Estado Brasileiro revela que as remunerações mensais dos servidores estaduais também variam substancialmente entre os poderes. De acordo com a plataforma, em de 2007 a 2016, o Executivo apresentou valor médio de 40% (R$ 5,1 mil) das remunerações do Judiciário (R$12 mil) e 51% da remuneração do Legislativo (R$ 8,4 mil). Apresentando a maioria dos servidores públicos do país, os municípios registraram remuneração inferior à das demais esferas, com o Executivo municipal pagando a menor remuneração mensal média (R$ 3 mil).
Servidores representam mais de 10% do PIB
O estudo publicado mostra, ainda, que o Brasil possui 12 milhões de vínculos públicos, dentre civis e militares. Apenas em 2017, a sociedade brasileira gastou R$ 725 bilhões com servidores ativos, o que corresponde a 10,7% do PIB brasileiro. A expansão do total de vínculos concentrou-se nos municípios. “Na verdade, houve uma redução relativa do setor público estadual, o que também explica o salto de participação dos municípios.”
Escolaridade influencia na remuneração; Homens recebem mais que mulheres
Os pesquisadores ressaltam que houve ampliação da escolaridade dos servidores públicos em todos os níveis da administração. As diferenças de remuneração entre gêneros também aparecem. As mulheres ganham menos, embora essa diferença varie no tempo e entre níveis e poderes. No Executivo civil federal, por exemplo, homens ganham 14% a mais que as mulheres (média de 2007 a 2016).
Nível Escolar
O nível de escolaridade influencia na variação de salários no setor público. O IPEA dividiu em cinco níveis de escolaridade para classificação. De acordo com as análises feitas, os servidores com ensino superior recebem cerca de R$11 mil, enquanto quem tem médio ou superior incompleto contam com ganhos de R$6 mil, sendo esses valores no Executivo federal.
Para os servidores de nível fundamental, os ganhos ficam na casa dos R$2 a R$4 mil, sendo esses mesmos valores se repetindo para quem tem nível médio incompleto. No entanto, nesse último, a variação pode ser maior e chegar na casa dos R$6 mil a R$8 mil, a depender da esfera.
O Instituto anda fez uma classificação de nível 5 de escolaridade, em que classifica as carreiras cujas remunerações podem ser elevadas de acordo com titulações: pós-graduação, mestrado e doutorado, completos ou incompletos. Os ganhos ficam em uma média acima de R$16 mil.
Comparação Salarial: Homens e Mulheres
Embora as mulheres já tenham ganhado um bom espaço no mercado de trabalho, o fator remuneração ainda é favorável aos homens, que recebem, em média, salários maiores em todos os níveis e poderes. Esse dado é confirmado pelo estudo do Ipea. Mesmo assim, o instituto revela que as mulheres seguem como maioria na administração pública nacional, de maneira bem expressiva. Elas ampliaram, segundo o Ipea, o seu espaço de maneira proporcional, com predominância no âmbito municipal – passando de 60% a 66% da média total de servidores. Considerando os três níveis e nos três poderes, as mulheres ainda assim recebem menos que os homens. Essa comparação ainda exclui os militares, que em sua maioria são homens. O Ipea explica ainda que essa desigualdade acontece pelo fato de que a maioria das carreiras com menor remuneração são ocupadas somente por mulheres.