Intenção de consumo das famílias é a MAIOR desde março de 2020
Levantamento da CNC revela que o otimismo das famílias do país perdeu força no mês; dificuldade de acesso ao crédito se mantém elevada
Os brasileiros continuam se mostrando confiantes em relação ao cenário econômico do país em 2023. Em março deste ano, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) subiu 0,8%, na comparação com o mês anterior.
Com o acréscimo deste resultado, o indicador chegou ao maior nível desde março de 2020. Isso mostra que a maior parte das preocupações trazidas pela pandemia da covid-19 foram superadas pela população.
Em outras palavras, os consumidores estão cada vez mais otimistas com a recuperação econômica do Brasil neste ano. Por isso que a intenção de consumo só fez crescer nos últimos meses, refletindo as expectativas positivas da população para o futuro.
De acordo com o levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o ICF chegou a 95,7 pontos em março. A propósito, este foi o 14º avanço consecutivo do indicador, que ainda precisa subir mais um pouco para alcançar o patamar de março de 2020 (96,7 pontos).
Embora venha crescendo há 14 meses consecutivos, o ICF continua abaixo da zona de satisfação (100 pontos), mesmo que a distância seja bem pequena.
Aliás, desde abril de 2015 (102,9 pontos) que o indicador não alcança os 100 pontos. Isso mostra que a intenção dos brasileiros em gastar ainda se encontra em patamar baixo, apesar da melhora nos últimos meses.
Perspectiva de consumo cresce no mês
Segundo o levantamento, a melhora dos dados relacionados à inflação estão ajudando a impulsionar a intenção de consumo dos brasileiros. Contudo, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, destacou que a intenção de comprar continua se mostrando maior que a própria ação de adquirir bens no país.
Seja como for, 34,9% dos consumidores possuem uma avaliação positiva em relação à renda atual, mesma taxa que a de fevereiro. “Essa expectativa é muito positiva e reflexo de uma inflação mais controlada. Mas mostra, também, um desafio para a renda imediata” afirmou Tadros.
Vale destacar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 2022 subiu 5,79%. Essa variação foi bem menor que a registrada em 2021, quando o índice havia disparado 10,06%. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil, termo que se refere ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços.
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) possui sete componentes:
- Perspectiva de consumo: +3,2%
- Momento para duráveis: +3,1%
- Nível de consumo atual: +2,3%
- Renda atual: +1,7%
- Perspectiva profissional: +0,7%
- Emprego atual: +0,6%
- Acesso ao crédito: -0,8%
“Pelo terceiro mês consecutivo, a perspectiva de consumo nos próximos meses se destacou com o maior crescimento mensal (+3,2%). Desde outubro do ano de consumo atual, com as famílias esperando condições passado, o indicador tem avançado mais do que o nível de consumo melhores à frente do que elas encontram hoje”, explicou a CNC.
Dificuldades de acesso ao crédito preocupam
Em março, 37% das famílias do país consideram que o acesso ao crédito está mais difícil. Em síntese, o índice que mede a facilidade das compras caiu 0,8%, mantendo-se abaixo dos 100 pontos, em nível negativo (90,5 pontos).
Além disso, 75% dos consumidores afirmaram que o momento atual do Brasil não é o mais favorável para a aquisição de bens duráveis.
“O crédito está mais caro e seleto, principalmente para os consumidores de menor renda, e tem levado cada vez mais famílias a repensar compras de longo prazo”, disse a economista responsável pela ICF, Izis Ferreira.
No início de 2023, os brasileiros de menor renda estavam mais otimistas com a melhora das condições de consumo devido aos benefícios sociais disponibilizados pelo governo federal.
“Uma das causas do otimismo é a ampliação do principal programa de transferência de renda do governo, com o pagamento do valor mínimo de R$ 600, além do incremento de R$ 150 por criança até seis anos”, explicou a economista, à época.
Por sua vez, a intenção de consumo das famílias de renda mais elevada caiu até fevereiro. Em suma, os consumidores das faixas de renda mais altas estavam frustrado com as perspectivas para a atividade econômica brasileira em 2023.
Agora em março, o cenário se modificou, com a intenção de consumo crescendo mais significativamente entre os mais ricos (+2,2%). Segundo a CNC, “o mercado de trabalho tem contratado pessoas com menor nível de escolaridade e menores salários, consumidores nas faixas de menor renda”, informou a CNC.
Por fim, em relação ao gênero, o otimismo se mostrou mais expressivo entre as mulheres, cuja intenção de consumo subiu 1,5%, ante alta de 0,6% em relação aos homens.