O mês de junho fechou com uma inflação negativa, ou seja, uma deflação dos preços na comparação com maio. Isso significa que os produtos ficaram mais baratos com relação ao mês anterior. Sendo assim, a inflação oficial calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ficou em -0,08% no mês de junho.
Esta é a primeira vez no ano de 2023 que a inflação fica negativa, sendo que a última vez que isso ocorreu foi em setembro do ano passado. Além disso, este é o menor resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o mês de junho desde 2017. Na ocasião, o IPCA ficou em -0,23%.
Este resultado animador foi divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (11), representando o quarto mês seguido em que a inflação vem diminuindo. Até o momento neste ano, o IPCA soma 2,87%, sendo que no acumulado dos últimos 12 meses ficou em 3,16%. Esse valor acumulado ficou abaixo em comparação com os últimos 12 meses imediatamente anteriores, quando o IPCA ficou em 3,94%.
Com relação a maio, os grupos que mais contribuíram para a inflação negativa foram alimentação e bebidas (-0,66%) e transportes (-0,41%). Desta maneira, esses grupos contribuíram com uma redução de -0,14 e -0,08 pontos percentuais no resultado final do IPCA, respectivamente.
O que gerou essa inflação negativa?
De acordo com o IBGE, os grupos de alimentação/bebidas e transporte representam a maior influência dentro do consumo das famílias brasileiras. Dessa forma, juntos esses grupos representam cerca de 42% do IPCA.
Com isso, observa-se que para entender o recuo da inflação deve-se entender a redução dos preços desses grupos. O grupo de alimentação e bebidas foi influenciado principalmente pela redução dos preços da alimentação em casa. A alimentação em casa, por sua vez, teve uma queda devido à redução nos preços do óleo de soja, frutas, leite longa vida e carnes.
Por outro lado, a alimentação fora de casa teve um aumento de preços no mês de junho, no entanto, esse aumento foi pequeno. “Nos últimos meses, os preços dos grãos, como a soja, caíram. Isso impactou diretamente o preço do óleo de soja e indiretamente os preços das carnes e do leite, por exemplo. Essas commodities são insumos para a ração animal, e um preço mais baixo contribui para reduzir os custos de produção. No caso do leite, há também uma maior oferta no mercado”, afirmou André Almeida, analista da pesquisa do IBGE.
Recuo dos preços do transporte
Com relação ao grupo dos transportes, que também teve papel fundamental na inflação negativa, o recuo nos preços ocorreu devido à queda nos preços dos automóveis novos e usados. Essa queda nos preços tem relação com o programa de carros populares do governo federal, que já se encerrou.
“O subitem automóvel novo foi o de maior impacto individual no mês, com -0,09 pp. Essa redução nos preços está relacionada ao programa de descontos para compra de veículos novos, lançado em 6 de junho pelo governo federal. Isso pode ter relação também com a queda dos preços dos automóveis usados”, explica o IBGE.
Por fim, a redução nos preços dos combustíveis também contribuíram para o recuo do grupo dos transportes, que consequentemente contribuiu para a inflação negativa. Observou-se uma queda nos preços da gasolina, óleo diesel, etanol e gás veicular.