As notícias sobre a Inflação no Brasil já não eram otimistas há alguns meses. No entanto, com o cenário atual da guerra da Ucrânia essas perspectivas podem piorar, e muito. Isso, na prática, significa que o brasileiro, como o resto do mundo, terá que conviver com preços ainda mais altos, com juros mais pesados e por um tempo também mais longo do que o que já era esperado.
A situação complicada que o Brasil e o mundo vinham enfrentando, era principalmente motivada pela pandemia de Covid-19. Agora, com a alta taxa de vacinação, a pandemia não é mais o protagonista no cenário da alta desenfreada da inflação que estamos passando, mas sim a guerra que estourou no leste Europeu, mais precisamente na Ucrânia.
Produtos de alto consumo na sociedade brasileira, como combustíveis e os alimentos, ficarão ainda mais caros. Já que os preços do petróleo, de fertilizantes e de importantes grãos, como milho e trigo, subiram muito nos mercados internacionais desde o estouro do conflito entre Rússia e Ucrânia, importantes fornecedoras desses produtos.
“Além de afetar o consumidor final, que usa o carro ou ônibus, o petróleo e a gasolina são usados para uma série de outras coisas. Também encarecem o frete, o que tem reflexo nos custos de tudo”, afirma o economista-chefe da Necton Investimentos, Roberto Padovani.
Como a crise na Ucrânia pode afetar a inflação no Brasil?
A alta do preço do petróleo preocupa e acaba sendo uma grande dor de cabeça até que realmente se tenha conhecimento de até que ponto o preço do combustível será afetado no Brasil. Deve haver um rápido repasse do preço do combustível aos consumidores, com a possibilidade real de que a gasolina passe de pelo menos os R$ 8 ao litro.
Os ajustes da gasolina e diesel no Brasil são sempre considerados de acordo com a cotação do barril de petróleo no exterior. Neste momento o preço do combustível representa até 6% da inflação no país e caso os preços se mantenham em níveis elevados, esse impacto em 2022 poderá ser ainda maior do que aconteceu nos últimos anos.
De acordo com a previsão mais recente que foi feita pelo banco francês BNP Paribas, a inflação no Brasil foi recalculada e deverá encerrar o ano entre 6 a 7%. As expectativas de uma inflação mais próxima de 5% parece que ficará para trás mesmo.
Além da Inflação, outra previsão de alta que foi realizada pelo BNB Paribas é em relação a taxa Selic, que é definida pelo Banco Central do Brasil e serve para medir a taxa básica da economia. A instituição acredita que novos reajustes serão feitos no Brasil, para conter o preço do dólar e proteger os investimentos de renda fixa, podendo chegar a 13,75%, neste momento fixada em 10,75%.
PIB deve aumentar
Em meio ao caos financeiro que o país vive, com a inflação chegando a quase 11%, ainda existe uma notícia “boa” para os brasileiros. Poucos economistas estão mexendo em suas projeções para o PIB do ano, que já deve ser baixo: a maioria das projeções fala em alta de até 0,5%.
A equipe econômica do banco Itaú, por exemplo, um dos poucos que chegou a esperar um PIB mais uma vez negativo em 2022, revisou seus números de uma queda de 0,5% para um crescimento de 0,2% na economia do país neste ano.