O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,42% em janeiro, desacelerando em relação ao mês anterior, quando a taxa avançou 0,56%. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
Embora tenha desacelerado, o resultado veio acima do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,34% em janeiro. Isso aconteceu porque a maioria dos grupos pesquisados apresentou preços mais elevados que em dezembro.
Com o acréscimo do resultado de janeiro, a variação acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses perdeu força, passando de 4,52% para 4,51%. Apesar de ter diminuído, a taxa segue levemente acima do limite superior definido para a inflação de 2024, de 4,50%.
Caso os próximos resultados se mantenham nesse patamar, a inflação ficará dentro na meta em 2024, assim como ocorreu em 2023.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta quinta-feira (8).
O termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor.
No entanto, quando ocorre o contrário, tem-se deflação. Este termo se refere à redução nos preços de produtos e serviços no país. Em 2023, apenas junho registrou deflação. Nos demais meses, os preços só fizeram subir no Brasil.
Cabe salientar que alguns analistas afirmam que deflação só ocorre quando a queda dos preços fica generalizada. Quando isso não ocorre, eles entendem o resultado apenas como uma queda da inflação, e não deflação em si.
De todo modo, o principal objetivo do IPCA é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”, segundo o IBGE.
O IBGE revelou que sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta em seus preços em janeiro, indicando uma alta bastante disseminada dos preços.
Em suma, o destaque do primeiro mês de 2024 foi o grupo alimentação e bebidas, cujos preços subiram 1,38%, acelerando em relação a dezembro (1,11%). Com isso, o grupo exerceu um impacto de 0,29 ponto percentual (p.p.) no IPCA do mês passado, respondendo por 69% da alta da inflação no período.
Veja as altas mais importantes registradas em novembro entre os alimentos:
“O resultado de janeiro tem, assim como em dezembro, o grupo alimentação e bebidas como principal impacto. O aumento nos preços dos alimentos é relacionado principalmente à temperatura alta e às chuvas mais intensas em diversas regiões produtoras do país“, explicou o gerente da pesquisa, André Almeida.
Cabe salientar que a alta nos preços do grupo alimentação e bebidas (1,38%) é a mais elevada para meses de janeiro desde 2016 (2,28%).
Os preços do grupo saúde e cuidados pessoais subiram 0,83% em janeiro, acelerando em relação a dezembro (0,35%) e impactando a inflação em 0,11 p.p. Em suma, os preços dos itens de higiene pessoal subiram 0,94%, pressionados pelo encarecimento de produto para pele (2,64%) e perfume (1,46%).
Por outro lado, os preços do grupo transportes caíram no mês (0,48% para -0,65%), influenciando a inflação no Brasil em -0,14 p.p. Esse foi o único grupo a impactar o IPCA de maneira negativa, reduzindo o avanço mensal da inflação no país.
O item passagem aérea exerceu novamente o maior impacto no grupo. Os preços do item caíram 15,22% em relação a dezembro, impactando o grupo em -0,15 p.p.
Da mesma forma, o preço dos combustíveis também caiu no mês (-0,39%) no mês, mas de maneira bem mais leve. “Houve recuo nos preços do etanol (-1,55%), do óleo diesel (-1,00%) e da gasolina (-0,31%), enquanto o gás veicular (5,86%) registrou alta“, informou IBGE.
Em janeiro, a inflação medida pelo IPCA subiu em 15 dos 16 locais pesquisados, em relação a dezembro. Entretanto, vale destacar que as taxas aceleraram em oito locais, enquanto desaceleraram nas demais capitais.
Confira abaixo as taxas inflacionárias registradas nos locais pesquisados em dezembro de 2023 e janeiro de 2024:
Região | Dezembro | Janeiro |
Belo Horizonte | 0,80% | 1,10% |
São Luís | 0,43% | 1,06% |
Goiânia | 0,44% | 0,87% |
Belém | 0,73% | 0,75% |
Aracaju | -0,29% | 0,73% |
Fortaleza | 0,83% | 0,68% |
Rio Branco | 0,90% | 0,63% |
Recife | 0,21% | 0,63% |
Campo Grande | 0,43% | 0,48% |
Rio de Janeiro | 0,65% | 0,44% |
Curitiba | 0,26% | 0,39% |
Vitória | 0,58% | 0,37% |
São Paulo | 0,54% | 0,25% |
Salvador | 0,84% | 0,13% |
Porto Alegre | 0,43% | 0,13% |
Brasília | 0,78% | -0,36% |