Inflação da Indústria CAI 5% em 2023; Veja como isso afeta sua vida
A inflação da indústria brasileira caiu 0,18% em dezembro de 2023, na comparação com o mês anterior. Esse foi o segundo recuo consecutivo do indicador, que fechou o ano passado com uma forte queda acumulada entre janeiro e dezembro, de 4,98%.
Significa que os preços ficaram bem menores do que em 2022, para alegria da população. Aliás, vale destacar que os preços perderam força nos últimos meses de 2022, e a inflação da indústria subiu 3,13% naquele ano. O avanço estava bem mais forte no primeiro semestre, mas as taxas passaram a desacelerar no segundo semestre.
Já em 2023, o decréscimo se transformou em taxas negativas e os preços passaram a cair. Por isso que a taxa anual fico, negativa em quase 5,00%. No entanto, cabe salientar que a queda chegou a ficar mais intensa que -6,00%, mas os preços voltaram a subir em alguns dos últimos meses do ano, reduzindo a queda anual.
“Em 2023 houve dois momentos distintos no que diz respeito à evolução dos preços médios. No primeiro semestre vimos a continuidade de um processo que já era observado desde a segunda metade de 2022, com a consolidação de uma trajetória deflacionária disseminada“, explicou Felipe Câmara, analista do IPP.
“A partir de julho, no entanto, movimentos do mercado já sinalizavam que aquela conjuntura estava mudando. Os meses que se seguiram apresentaram alguma moderação inflacionária, com o IPP apresentando taxas positivas e negativas na passagem de mês a mês“, acrescentou.
A saber, todos estes dados se referem ao Índice de Preços ao Produtor (IPP), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta semana.
Veja como a inflação ao produtor afeta sua vida
A saber, o IPP é considerado a inflação da indústria e seus resultados tendem a indicar a trajetória que a inflação ao consumidor seguirá. Assim, quanto menor a variação do índice, melhor para os consumidores.
De acordo com o IBGE, o IPP “tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país“.
“Constitui, assim, um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e, por conseguinte, um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados“, informa o instituto.
O IPP analisa o progresso dos preços dos produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, medindo a evolução de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação.
Destaque de dezembro fica com setor de bebidas
A inflação da indústria em dezembro ficou negativa pelo segundo mês consecutivo, mas isso não aconteceu de maneira disseminada entre os setores industriais. Em resumo, os preços de 12 das 24 atividades industriais caíram no mês, resultado que puxou a inflação do setor industrial para baixo.
Veja abaixo as atividades com as maiores variações em dezembro:
- Refino de petróleo e biocombustíveis: -4,05%;
- Indústrias extrativas: 2,30%;
- Papel e celulose: 2,01%;
- Perfumaria, sabões e produtos de limpeza: 1,50%.
Fortalecimento do real limita inflação
Em 2023, um dos principais fatores que ajudou a enfraquecer os preços ao produtor foi o fortalecimento do real brasileiro ante o dólar. A moeda americana caiu 8% no ano passado, aliviando a taxa de câmbio e reduzindo a inflação medida pelo IPP.
“Ao analisar o resultado de 2023, é preciso lançar luz também sobre a apreciação cambial acumulada no ano, que amenizou o custo de importação de insumos, tornou os bens finais produzidos no exterior mais competitivos e reduziu o montante recebido em reais pelo exportador brasileiro“, explicou Felipe Câmara.
Setor de alimentos tem maior peso no IPP
No ano passado, os preços do setor de alimentos caíram 2,47%, impactando o IPP em -0,60 ponto percentual (p.p.). O setor possui uma importância enorme para o IPP, visto que tem o maior peso no indicador, ou seja, sua variação tem maior influência na inflação nacional.
A saber, o setor de alimentos exerceu a quarta maior influência na inflação ao produtor, ficando atrás das seguintes atividades: refino de petróleo e biocombustíveis (-1,85 p.p.), outros produtos químicos (-1,51 p.p.) e metalurgia (-0,60 p.p.).
“Após uma safra significativa da soja em 2023, os seus insumos agroindustriais derivados (farelo e óleo) encabeçaram a lista de influências para a variação negativa acumulada no setor, mais que compensando altas relevantes, como a do açúcar VHP e do arroz“, disse Câmara.