A inflação da indústria brasileira subiu 3,13% em 2022, na comparação com o ano anterior. O avanço só não foi mais expressivo graças à queda de 1,29% registrada em dezembro, que limitou ainda mais a alta dos preços no acumulado do ano passado.
Em resumo, a inflação da indústria em 2022 foi a terceira menor da série histórica, que teve início em 2014. Isso quer dizer que os brasileiros que buscaram bens ou serviços industriais no ano passado não sofreram tanto assim como o aumento dos preços no país.
A título de comparação, a taxa inflacionária em 2022 ficou 25 pontos percentuais (p.p.) inferior a de 2021. Todos estes dados se referem ao Índice de Preços ao Produtor (IPP), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o IBGE, o IPP “tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país”.
“Constitui, assim, um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e, por conseguinte, um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados”, acrescentou o instituto.
A saber, o IPP analisa o progresso dos preços dos produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, medindo a evolução de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação.
Entenda a variação do IPP em 2022
O resultado negativo em dezembro não foi isolado. Segundo o IBGE, a queda foi a quinta consecutiva, ou seja, os preços da indústria brasileira vêm recuando desde agosto. E foram estas taxas negativas que reduziram significativamente a inflação acumulada em 2022.
“Esse resultado consolida a trajetória deflacionária da indústria iniciada no segundo semestre, que pode ser associada, em grande medida, aos preços em baixa das commodities no mercado internacional. Barril de petróleo, minério de ferro e insumos fertilizantes são alguns dos produtos de destaque nesse sentido”, disse Felipe Câmara, gerente do IPP.
“A redução do preço do óleo bruto, acompanhando os preços internacionais, além de exercer impacto direto sobre o resultado das indústrias extrativas, naturalmente provoca uma redução de custos ao longo da sua cadeia derivada, como o refino e os outros produtos químicos, com reflexo no preço final praticado nesses setores”, acrescentou.
No ano passado, as atividades que registraram as maiores altas foram:
- Papel e celulose: 19,45%;
- Impressão: 19,17%;
- Perfumaria, sabões e produtos de limpeza: 16,99%;
- Fabricação de máquinas e equipamentos: 15,71%.
Embora estas tenham sido as atividades cuja inflação mais subiu no acumulado de 2022, as principais influências no IPP vieram de refino de petróleo e biocombustíveis (1,23 p.p.), outros produtos químicos (-1,21 p.p.), alimentos (1,20 p.p.) e metalurgia (-0,87 p.p.).
Preços dos alimentos voltam a subir no país
Os preços dos alimentos na “porta de fábrica” subiram em dezembro, após quatro meses de queda. Em suma, a inflação desta atividade variou 0,29%, impulsionando levemente a variação acumulada em 2022, para 5,04%.
“Produtos com influência grande no resultado do setor, como carne bovina e leite, mantiveram a dinâmica de meses anteriores, com os preços em viés de baixa em face da maior oferta nesta época do ano”, disse Felipe Câmara, referindo-se à alta dos preços em dezembro.
Contudo, o gerente do IPP destacou a influência gerada pelo aumento dos preços do açúcar cristal e do farelo de soja. Em síntese, isso aconteceu devido a uma expansão lenta da oferta nacional, no caso do açúcar. Já em relação ao farelo de soja, o item acompanhou os preços mais elevados no mercado internacional.
Seja como for, os preços dos alimentos acumulados em 2022 desaceleraram fortemente em relação a 2021, ficando 13,62 p.p. menor. Ainda assim, o setor de alimentos se destacou no ano passado, porque exerceu a terceira maior influência no IPP entre todas as 24 atividades pesquisadas.
Vale destacar que o setor de alimentos é o de maior contribuição no cálculo do Índice de Preços ao Produto. Em suma, o setor responde por mais de 23% da variação do índice, segundo o IBGE. Por isso que sua variação, apesar de não ter sido muito expressiva, foi suficiente para colocar o grupo em destaque na formação da taxa do IPP em 2022.
Por fim, “o IPP investiga os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes, e definidos segundo as práticas comerciais mais usuais”. O IBGE revelou que há uma coleta mensal de cerca de seis mil preços em pouco mais de 2,1 mil empresas.