A produção industrial brasileira voltou a crescer em março, após dois meses de queda. O avanço de 1,1% registrado em março foi capaz de eliminar a perda de 0,5% acumulada nos dois primeiros meses de 2023.
Em resumo, o resultado é bastante positivo, visto que a indústria figura como um dos principais setores econômicos do país.
Aliás, a última vez que a produção industrial havia encerrado um mês em alta foi em outubro de 2022. Entre novembro e fevereiro, o resultado caiu ou ficou estável, na comparação mensal.
Por falar nisso, o avanço da produção industrial não foi apenas em relação a fevereiro. Isso porque, em comparação a março de 2022, o setor registrou um crescimento de 0,9%.
Embora tenha avançado em março, a atividade industrial continua abaixo do nível de fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19.
No terceiro mês deste ano, a taxa ficou 1,9% abaixo do nível pré-pandemia,. Em fevereiro, a diferença era de 2,6%, ou seja, a produção industrial reduziu as perdas acumuladas desde o início da crise sanitária, mas ainda é preciso crescer mais para superar todos os impactos da pandemia.
Além disso, a produção industrial brasileira está 17,9% abaixo do patamar recorde registrado em maio de 2011. Em fevereiro, a diferença chegou a 19%, o que reflete a melhora do setor em março.
Todos esses dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A série histórica teve início em janeiro de 2002 e, de lá pra cá, informa o desempenho da produção industrial do país mensalmente.
Crescimento da indústria fica disseminado
De acordo com a PMI, 16 dos 25 ramos industriais registraram resultados positivos em março. Da mesma forma, três das quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE também fecharam o mês em alta, na comparação com fevereiro.
Em março, os setores que exerceram os maiores impactos positivos na produção industrial brasileira foram, respectivamente:
- Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis: 1,7%;
- Máquinas e equipamentos: 5,1%;
- Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos: 6,7%;
- Outros equipamentos de transporte: 4,8%;
- Produtos químicos: 0,6%;
- Produtos de couro, artigos para viagem e calçados: 2,8%;
- Produtos de minerais não metálicos: 1,2%.
Embora a produção industrial tenha crescido em fevereiro, oito dos 25 grupos pesquisados fecharam o mês em queda. Esse resultado não impediu a alta da indústria no mês, mas limitou o seu movimento.
Confira abaixo os setores com os maiores impactos negativos na indústria brasileira:
- Confecção de artigos do vestuário e acessórios: -4,7%;
- Moveis: -4,3%
- Produtos de metal: -1,0%.
Em síntese, a atividade de confecção de artigos do vestuário e acessórios exerceu a principal influência entre as oito atividades que recuaram no mês. ” O setor havia crescido por três meses consecutivos, acumulando ganho de 13,5% no período”, informou o IBGE.
Atividade industrial cresce em 11 locais
A produção industrial do país cresceu em março devido à alta registrada em 11 dos 15 locais pesquisados. Em suma, os avanços disseminados impulsionaram a taxa nacional.
“Na passagem de janeiro para fevereiro, a produção industrial nacional teve o terceiro resultado negativo consecutivo, acumulando queda de 0,6% nesse período. A maior influência sobre esse recuo de fevereiro veio do Rio Grande do Sul, que foi impactado pelos setores de derivados do petróleo e de veículos”, explicou o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.
Confira quais locais que tiveram os maiores aumentos percentuais em março:
- Mato Grosso: +9,3%;
- Amazonas: +8,7%;
- Pernambuco: +8,1%;
- Região Nordeste: +6,8%;
- Bahia: +5,6%;
- Rio Grande do Sul: +5,6%.
Cabe salientar que, em fevereiro, o Rio Grande do Sul registrou a maior queda do país. Em síntese, isso aconteceu devido às férias coletivas no setor de veículos, que enfraqueceram a produção industrial do segmento, afetando o resultado nacional.
“Alguns setores que antes apresentavam trajetória negativa, em março mostraram crescimento. Os de veículos automotores e derivados do petróleo impactaram no desempenho da indústria gaúcha“, explicou Bernardo Almeida, analista da PIM Regional.
“Esse avanço no estado também elimina parte da perda acumulada nos dois meses anteriores, de 11,5%“, disse.
Do lado das quedas, os únicos locais a registrarem taxas negativas em março foram:
- Espírito Santo: -1,8%;
- Santa Catarina: -1,4%;
- Goiás: -1,4%;
- Paraná: -1,3%.
“O setor de produtos de madeira influenciou negativamente o resultado da indústria paranaense, que acabou eliminando o ganho verificado no mês anterior, de 0,3%”, analisou Almeida.
Indústria nacional está negativa em 2023
Com o acréscimo do avanço mensal, a produção industrial reduziu as perdas acumuladas no ano. Entretanto, o resultado do primeiro trimestre de 2023 ficou 0,4% menor que o registrado no mesmo período do ano passado.
Nessa base comparativas, as maiores quedas vieram de Rio Grande do Sul (-9,2%), Mato Grosso (-7,4%) e Bahia (-5,2%). Aliás, apenas cinco dos 18 locais pesquisados acumularam taxas positivas no ano: Amazonas (+14,8%), Maranhão (+8,3%), Minas Gerais (+8,0%), Rio de Janeiro (+6,1%) e Mato Grosso do Sul (+3,1%).
Já no acumulado dos últimos 12 meses até março, a taxa ficou nula (0,0%) no Brasil. Em resumo, nove locais tiveram resultados negativos, com destaque para Espírito Santo (-9,9%), Pará (-7,0%).
Em contrapartida, os únicos avanços vieram de: Mato Grosso (+10,2%), Amazonas (7,5%), Rio de Janeiro (+5,1%), Minas Gerais (+1,1%), Bahia (+0,6%) e São Paulo (+0,5%).
Por fim, a PIM Brasil produz indicadores de curto prazo desde a década de 1970, segundo o IBGE. Em síntese, o levantamento analista o comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação.