A produção industrial brasileira cresceu 0,3% em maio de 2023, na comparação com abril. Esse avanço acontece após a queda de 0,6% registrada em abril e figura como a segunda alta de 2023, visto que o único resultado positivo deste ano, com exceção de maio, aconteceu em março (1,0%).
Em resumo, a indústria brasileira vem enfrentando dificuldades para crescer desde o final de 2022. Nos últimos oito meses, o setor industrial teve crescimento em apenas três meses, indicando uma taxa bem fraca de avanço.
A produção industrial nacional está sofrendo para crescer no início do governo Lula. Contudo, com o acréscimo do resultado de maio deste ano, a indústria diminuiu a distância para o nível observado em fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19.
Na prática, a atividade industrial do país está 1,5% abaixo do nível pré-pandemia. Isso quer dizer que as perdas provocadas pela crise sanitária na indústria brasileira ainda não foram recuperadas, apesar do avanço mensal.
Além disso, vale destacar que a indústria brasileira está 18,1% abaixo do nível recorde registrado em maio de 2011. A distância ficou um pouco menor após a alta registrada em maio, visto que a diferença era de 18,5% no mês anterior.
Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A série histórica teve início em janeiro de 2002 e, de lá pra cá, informa o desempenho da produção industrial do país mensalmente.
Crescimento da indústria fica disseminado
De acordo com a PMI, 19 dos 25 ramos industriais registraram resultados positivos em maio. Da mesma forma, três das quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE também fecharam o mês em alta, na comparação com abril.
O gerente da pesquisa, André Macedo, explicou que esse “é o maior espalhamento desde setembro de 2020, quando havia 23 atividades mostrando crescimento“. Cabe salientar que, à época, o setor industrial estava se recuperando de fortes perdas registradas em março e abril, início da pandemia da covid-19 no país.
Segundo Macedo, apesar das dificuldades, a indústria brasileira está com um resultado positivo, na comparação com o final de 2022. “Ainda que tenha um resultado próximo à estabilidade, ao comparar o patamar de maio com o de dezembro do ano passado, a indústria tem um saldo positivo de 0,4%“, explicou o gerente.
De todo modo, o crescimento registrado em maio foi impulsionando pelos seguintes setores, que exerceram os principais impactos positivos na produção industrial brasileira:
- Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis: 7,7;
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: 7,4%;
- Máquinas e equipamentos: 12,3%.
Produção das atividades cresce em maio
A atividade de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis foi responsável pelo maior impacto positivo na indústria brasileira em maio. Em suma, esta é a quarta alta consecutiva na produção do setor, que acumulou um forte ganho de 15,0% no período.
A segunda maior influência positiva veio do setor de veículos automotores, reboques e carrocerias. O resultado sucede dois meses de queda, período em que o setor acumulou perda de 2,6%.
“Março e abril foram marcados pelas paralisações e as concessões de férias coletivas no setor. O crescimento em maio é explicado pela volta à produção“, avaliou o gerente da pesquisa.
Por sua vez, o terceiro maior impacto positivo veio da atividade de máquinas e equipamentos, cuja avanço eliminou parte da forte queda de 11,7% registrado em abril. “Nesse segmento, destaca-se o aumento da produção de bens de capital voltados para o setor agrícola e para a área de construção“, afirmou Macedo.
O IBGE destacou que as seguintes atividades também contribuíram para o avanço da produção industrial em maio: indústrias extrativas (1,2%), produtos de metal (6,1%), outros equipamentos de transporte (10,2%), metalurgia (2,1%), produtos diversos (6,6%) e couro, artigos para viagem e calçados (4,9%).
Indústria brasileira cresce na base anual
Na comparação com maio de 2022, a indústria brasileira cresceu 1,9% em sua produção. O avanço ficou mais expressivo devido aos resultados negativos registrados por três das quatro grandes categorias econômicas, bem como por nove dos 25 ramos, 38 dos 80 grupos e 43,9% dos 789 produtos pesquisados.
“Com o crescimento de 1,9%, a atividade industrial marca o avanço mais intenso desde junho de 2021, quando havia crescido 12,1%, e reverte o recuo assinalado em abril“, explicou André Macedo.
Na base anual, os principais impactos positivos vieram, respectivamente, de:
- Indústrias extrativas: 12,0%;
- Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis: 7,1%;
- Produtos alimentícios: 5,8%;
- Outros equipamentos de transporte:23,9%;
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: 2,8%;
- Impressão e reprodução de gravações: 18,8%.
Isso mostra que, apesar de 16 atividades terem registrado resultados negativos no mês, o impacto dos avanços foi mais expressivo, impulsionando a indústria brasileira na base anual.