Os dados do mercado de trabalho brasileiro continuam em recuperação. Após os fortes impactos da pandemia da covid-19, indicadores relacionados à criação de empregos e ao rendimento dos trabalhadores vêm confirmando a fase de retomada do mercado de trabalho.
A saber, o Índice da Condição do Trabalho (ICT-Dieese), medido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), evidenciou a melhora do trabalho no cenário doméstico. Aliás, a divulgação dos dados mais recentes do levantamento ocorreu nesta quarta-feira (18).
Em síntese, o indicador avançou no terceiro trimestre de 2022, refletindo uma leve recuperação do mercado de trabalho do país. No entanto, o avanço foi bem tímido e não conseguiu impulsionar o ICT-Dieese, que segue em patamar muito baixo.
De acordo com o Dieese, o índice passou de 0,36, no terceiro trimestre de 2021, para 0,46, no mesmo período de 2022. A propósito, o indicador varia entre 0 e 1, e resultados mais próximos de 1 indicam melhores condições do mercado de trabalho. Por outro lado, valores mais próximos de 0 refletem pior situação geral do mercado de trabalho.
Confira abaixo as três dimensões que compõem o ICT-Dieese:
- Inserção ocupacional;
- Desocupação;
- Rendimento.
Veja mais detalhes do ICT no terceiro trimestre
A melhora do indicador em 2022, na comparação com o ano anterior, foi bastante positiva. Em suma, o avanço reflete a melhora nas condições do mercado de trabalho brasileiro. Contudo, vale destacar que a alta foi bem tímida, mantendo o índice ainda em nível muito baixo.
Entre julho e setembro do ano passado, dois componentes do ICT-Dieese tiveram resultados positivos, impulsionando o indicador. Em contrapartida, a dimensão de inserção ocupacional seguiu o caminho oposto e perdeu força na comparação com 2021.
Veja o desempenho dos componentes do ICT-Dieese no trimestre:
- Inserção ocupacional: caiu de 0,31 para 0,27;
- Desocupação: subiu de 0,39 para 0,64;
- Rendimento: subiu de 0,39 para 0,47.
Segundo o levantamento, o componente inserção ocupacional registrou uma queda na comparação anual devido ao aumento da proporção de pessoas ocupadas há menos de 12 meses. Por outro lado, o Dieese destacou que houve crescimento da parcela de trabalhadores com a carteira assinada e de contribuintes da previdência.
Já no caso da desocupação, o avanço do componente não reflete o aumento da desocupação no país. Pelo contrário, essa dimensão teve um forte crescimento justamente pela queda firme do número de pessoas sem uma ocupação no país.
Por sua vez, o componente rendimento cresceu de maneira um pouco mais tímida no ano. A saber, essa dimensão refletiu a melhora na distribuição dos ganhos do trabalho, bem como do rendimento médio por hora.
Vale destacar que todos esses resultados fizeram a análise média do ICT-Dieese, dos últimos quatro trimestre, continuar praticamente estável. Em suma, houve um leve aumento de 0,04 ponto em relação ao terceiro trimestre de 2021.
À época, o indicador havia atingido o menor valor da série histórica, ou seja, o mercado de trabalho brasileiro ainda precisa melhorar significativamente para sair do nível muito baixo em que se encontra.
O Dieese revelou que o índice voltou ao nível pré-pandemia, registrado antes de março de 2020, quando houve a decretação da pandemia da covid-19. Entretanto, o indicador continua em patamares bem inferiores aos observados entre 2012 e 2015, quando se aproximou de 0,70.
Saiba mais sobre o índice
Em síntese, o ICT-Dieese foi desenvolvido pela entidade com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A saber, a PNAD Contínua revela dados atualizados do mercado de trabalho brasileiro, incluindo números de trabalhadores formais e formais, rendimento das suas ocupações, setores que mais criaram vagas de emprego, quantidade de pessoas sem ocupação, entre outras coisas.
De acordo com o Dieese, ” desde a retomada mais consistente da atividade econômica, principalmente a partir de meados de 2021, o ICT-Dieese retornou a patamares anteriores à pandemia, o que significa baixo crescimento da economia e mercado de trabalho precarizado”.
Em resumo, a série histórica teve início em 2012. No terceiro trimestre de 2021, o indicador caiu para o menor valor já registrado, de 0,36. No entanto, conseguiu avançar nos últimos 12 meses e chegou a 0,46 no mesmo período de 2022.
Por fim, mesmo com a leve melhora das condições do mercado de trabalho brasileiro, o levantamento do Dieese destacou que o cenário observado no terceiro trimestre do ano passado “deixa claro que a deterioração do mercado de trabalho permanece em níveis preocupantes”.