Após dois meses de queda, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) voltou a subir no país. Em junho, o indicador de emprego subiu 2,2 pontos, para 76,8 pontos. Esse é o patamar mais elevado do indicador desde outubro de 2022, quando o IAEmp atingiu 79,8 pontos.
Nos últimos anos, o mercado de trabalho brasileiro enfrentou muitos desafios. Em resumo, a pandemia da covid-19 impactou diversos setores econômicos e provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta, inclusive no Brasil. E foi nesse período que o IAEmp caiu para o menor nível da série histórica.
Para quem não lembra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia em março de 2020, e, no mês seguinte, o indicador caiu para 39,7 pontos. Esse foi o menor nível já registrado pelo IAEmp em toda a série histórica.
Em 2021, o índice recuperou um pouco das perdas, mas, em 2022, o saldo voltou a ficar negativo, com o IAEmp caindo 7,1 pontos em relação ao ano anterior. Em outras palavras, o mercado de trabalho brasileiro ficou em uma situação pouco favorável em 2022, mas o saldo de 2023 está se mostrando mais positivo que o do ano passado.
Apesar do avanço em junho, o indicador continua bem distante do patamar observado em fevereiro de 2020 (92,0 pontos), último mês antes da decretação da pandemia da Covid-19. De lá para cá, o IAEmp não conseguiu recuperar todas as perdas da crise sanitária e segue em nível muito baixo.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta semana.
Indicador mantém estabilidade
Segundo Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, o resultado de junho conseguiu eliminar as perdas registradas nos dois meses anteriores. Aliás, o avanço foi forte o suficiente para impulsionar o indicador para o maior nível dos últimos oito meses. Contudo, o patamar do índice continua historicamente baixo.
“A alta de junho do IAEmp compensa as quedas dos últimos dois meses, mas não se afasta muito do patamar de 75 pontos que vem oscilando desde a virada para 2023“, disse Tobler.
Além disso, o pesquisador afirmou que o resultado de junho pode indicar o início de uma trajetória de alta do indicador de emprego. “Esse resultado sugere que ainda existe cautela sobre o retorno a uma trajetória mais favorável do mercado de trabalho nos próximos meses, mas pode ser um primeiro sinal positivo“, explicou o pesquisador.
“Para os próximos meses, boas notícias do ambiente macroeconômico serão fator fundamental para geração de empregos“, acrescentou Tobler. Inclusive, as projeções de analistas do mercado financeiro sobe indicadores econômicos do país estão cada vez mais otimistas.
Seis dos sete componentes do indicador sobem
De acordo com os dados do levantamento, seis dos sete componentes do IAEmp subiram no mês passado. Veja abaixo a variação de cada componente em maio de 2023:
- Indústria – Tendência dos Negócios: +0,5 ponto;
- Indústria – Emprego Previsto: +0,5 ponto;
- Indústria – Situação Atual dos Negócios: -0,1 ponto;
- Serviços – Tendência dos Negócios: +0,2 ponto;
- Serviços – Emprego Previsto: +0,2 ponto;
- Serviços – Situação Atual dos Negócios: +0,7 ponto;
- Consumidor – Emprego Local Futuro: +0,1 ponto.
Em síntese, os dados mostram que o emprego se fortaleceu com mais intensidade no setor de serviços em junho, subindo também na indústria e para o consumidor.
A proposito, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) se baseia em dados das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor. Em suma, ele pode antecipar as direções tomadas pelo mercado de trabalho no Brasil, possuindo relação positiva com o nível de emprego do país.
Desemprego recua no Brasil
Não foi apenas o indicador de emprego da FGV que mostrou melhora. Os dados mais recentes sobre o mercado de trabalho brasileiro se mostraram bastante positivos.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, a taxa de desocupação caiu para 8,3% no período. Em resumo, esse foi o melhor resultado para o trimestre móvel desde 2015, quando a taxa também ficou em 8,3%.
A saber, a população desocupada totalizou 8,9 milhões de pessoas no período, o que representa queda de 3,0% em relação ao trimestre móvel anterior (menos 279 mil pessoas) e redução de 15,9% em um ano (menos 1,7 milhão de pessoas desocupadas).
Esses dados mostram que o mercado de trabalho parece estar se recuperando em 2023. Resta aos brasileiros torcerem por mais dados positivos.