O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) caiu em agosto, após dois meses consecutivos de alta. O índice de emprego recuou 1,1 ponto no oitavo mês do ano, para 76,9 pontos, devolvendo praticamente toda a alta registrada em julho (1,2 ponto).
Aliás, o indicador havia alcançado em julho o maior patamar desde outubro de 2022, quando o IAEmp atingiu 79,8 pontos, ou seja, o nível mais elevado em nove meses.
O mercado de trabalho brasileiro enfrentou muitos desafios nos últimos meses. Em resumo, a pandemia da covid-19 impactou diversos setores econômicos e provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta, inclusive no Brasil. E foi nesse período que o IAEmp caiu para o menor nível da série histórica.
Mercado de trabalho sofre com pandemia
Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia da covid-19. Isso provocou uma queda histórica do IAEmp em abril, mês em que o indicador de emprego caiu para 39,7 pontos, menor nível já registrado em toda a série histórica.
No ano de 2021, o índice recuperou um pouco das perdas, mas, em 2022, o saldo voltou a ficar negativo, com o IAEmp caindo 7,1 pontos em relação ao ano anterior. Em outras palavras, o mercado de trabalho brasileiro ficou em uma situação pouco favorável em 2022, mas o saldo de 2023 está se mostrando mais positivo que o do ano passado.
Apesar da melhora neste ano, o recuo em agosto fez o indicador ficar ainda mais abaixo do patamar observado em fevereiro de 2020 (92,0 pontos), último mês antes da decretação da pandemia da Covid-19. Isso quer dizer que o IAEmp ainda não conseguiu recuperar todas as perdas da crise sanitária e continua em nível muito baixo.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta semana.
Indicador deve enfrentar mais desafios no 2º semestre
Segundo Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, o resultado de agosto mostra que o indicador de emprego deverá enfrentar mais desafios no segundo semestre deste ano. Inclusive, o patamar do índice continua historicamente baixo, e deverá se manter assim nos próximos meses, com variações pouco significativas.
“A queda do IAEmp nesse mês parece confirmar um cenário com maior oscilação para o indicador no segundo semestre do ano. A tendência ainda é favorável, mas o ritmo dessa melhora deve ser mais lento, em linha com as expectativas para o cenário econômico“, disse Tobler.
“Por mais que aumentem a quantidade de notícias favoráveis como a redução da taxa de juros, o maior controle da inflação, diminuição da incerteza, o impacto no mercado de trabalho não deve ser tão imediato“, ponderou Rodolpho Tobler.
Quatro dos sete componentes do indicador caem
De acordo com os dados do levantamento, quatro dos sete componentes do IAEmp caíram no mês passado, puxando o indicador para baixo. Veja abaixo a variação de cada componente em agosto de 2023:
- Indústria – Situação Atual dos Negócios: 0,2 ponto;
- Indústria – Tendência dos Negócios: -0,6 ponto;
- Indústria – Emprego Previsto: -0,3 ponto;
- Serviços – Situação Atual dos Negócios: -0,6 ponto;
- Serviços – Tendência dos Negócios: 0,3 ponto;
- Serviços – Emprego Previsto: -0,3 ponto;
- Consumidor – Emprego Local Futuro: 0,1 ponto.
Em síntese, os dados mostram que o emprego previsto encolheu tanto na indústria quanto nos serviço. Apenas para o consumidor que o componente emprego local futuro subiu, mas foi uma alta bem leve.
A proposito, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) se baseia em dados das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor. Em suma, ele pode antecipar as direções tomadas pelo mercado de trabalho no Brasil, possuindo relação positiva com o nível de emprego do país.
“A melhora mais expressiva da atividade econômica, especialmente nos setores que mais empregam, é fundamental para recuperação mais consistente do mercado de trabalho“, afirmou Rodolpho Tobler.
Desemprego recua no Brasil
Apesar do recuo do indicador de emprego da FGV em agosto, os números mais recentes do mercado de trabalho brasileiro foram bastante positivos. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, a taxa de desocupação caiu para 7,9% no trimestre móvel de maio a julho deste ano.
Em resumo, esse foi o melhor resultado para o trimestre móvel desde 2014, o que evidencia os grandes resultados conquistados nos primeiros meses do governo Lula.
A saber, a população desocupada totalizou 8,5 milhões de pessoas no período, o que representa queda de 6,3% em relação ao trimestre móvel anterior (menos 573 mil pessoas) e redução de 13,8% em um ano (menos 1,36 milhão de pessoas desocupadas).
Esses dados mostram que o mercado de trabalho parece estar se recuperando em 2023. Os brasileiros torcem para que a tendência de melhora continue ao longo do ano.