O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) iniciou este ano em queda. Após subir 1,6 ponto em dezembro do ano passado, o índice voltou a cair no país. Dessa vez, a queda em janeiro foi de 0,8 ponto, em comparação com o mês anterior.
Com o acréscimo deste resultado, o IAEmp chegou a 73,9 pontos. Assim, ficou ainda mais próximo do patamar registrado em novembro de 2022 (73,1 pontos), menor nível em quase um ano e meio.
Em resumo, a pandemia da covid-19 impactou diversos setores econômicos e provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta, inclusive no Brasil. E foi nesse período que o IAEmp caiu para o menor nível da série histórica.
Para quem não lembra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia em março de 2020, e, no mês seguinte, o indicador caiu para 39,7 pontos.
Em 2021, o índice recuperou um pouco das perdas, mas, em 2022, o saldo ficou negativo, com o IAEmp caindo 7,1 pontos. Em outras palavras, o mercado de trabalho brasileiro ficou em uma situação ainda menos favorável em 2022, e já começou o ano de 2023 em queda.
Aliás, o indicador continua bem distante do patamar observado em fevereiro de 2020 (92,0 pontos), último mês antes da decretação da pandemia da Covid-19. E, de lá para cá, o IAEmp não conseguiu se recuperar e ainda está em um nível muito baixo.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta quinta-feira (5).
Mercado de trabalho brasileiro preocupa
De acordo com Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, os dados de janeiro refletem o pessimismo com o mercado de trabalho brasileiro em 2023.
Inclusive, quando o IAEmp subiu em dezembro do ano passado, o economista alertou que o dado não significa uma recuperação do mercado de trabalho do país. À época, Tobler afirmou que seria necessário aguardar novos dados para ver se a tendência de alta iria se manter.
Com a chegada do resultado de janeiro, viu-se que o indicador de emprego voltou a cair no país. Assim, a trajetória de alta não se concretizou e o índice apresentou mais um dado negativo.
“Na virada para 2023, o IAEmp volta a cair, se mantendo em patamar historicamente baixo depois de uma sequência de resultados negativos no final de 2022”, avaliou Tobler.
Nos últimos anos, a pandemia derrubou o indicador no país, prejudicando o mercado de trabalho. No entanto, em 2023, os principais fatores negativos envolvem a atividade econômica brasileira e as dificuldades que o país enfrentará para conseguir crescer.
“As expectativas de desaceleração econômica em 2023 também não deixam muitas esperanças de que o indicador volte a sinalizar uma trajetória positiva. Com a pandemia cada vez mais no passado, quem vai ditar o ritmo de recuperação do mercado de trabalho é a atividade econômica”, avaliou o economista.
Quatro dos sete componentes do indicador caem
De acordo com os dados do levantamento, quatro dos sete componentes do IAEmp caíram no mês passado. Veja abaixo a variação de cada componente em novembro:
- Serviços – Emprego Previsto: -0,4 ponto;
- Serviços – Tendência dos Negócios: -0,6 ponto;
- Serviços – Situação Atual dos Negócios: -0,6 ponto;
- Indústria – Emprego Previsto: +0,3 ponto;
- Indústria – Tendência dos Negócios: +0,8 ponto;
- Indústria – Situação Atual dos Negócios: -0,2 ponto;
- Consumidor – Emprego Local Futuro: +0,0 ponto.
Vale destacar que o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) se baseia em dados das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor. Em suma, ele pode antecipar as direções tomadas pelo mercado de trabalho no Brasil, possuindo relação positiva com o nível de emprego do país.
Desemprego recua no Brasil
Embora as expectativas para 2023 não sejam tão positivas, os dados referentes aos últimos meses do ano passado mostram a recuperação do mercado de trabalho brasileiro.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, a taxa de desocupação ficou em 8,1% no trimestre móvel de setembro a novembro de 2022. Em síntese, esse percentual é o menor desde o trimestre móvel encerrado em abril de 2015 (8,1%).
A saber, a população desocupada totalizou 8,7 milhões de pessoas no período. Isso representa um recuo de 9,8% em relação ao trimestre móvel anterior (menos 953 mil pessoas) e uma forte queda de 29,5% na comparação anual (menos 3,7 milhões de pessoas desocupadas).
Apesar dos fortes recuos, as taxas de desemprego no Brasil ainda são muito elevadas e o governo federal tenta reduzi-la cada vez mais.