Um mês após o lançamento do programa Desenrola Brasil a inadimplência de pessoas físicas tem queda em julho. Os dados são do Banco Central do país e foram anunciados na segunda-feira, dia 28.
Apesar de ter sido uma queda de 0,1 ponto percentual, já é um indicativo que a iniciativa tem grandes chances de cumprir seu propósito. Assim, mais brasileiros conseguem organizar as suas finanças.
Inadimplência de pessoas físicas tem queda em julho após programa Desenrola
Fernando Rocha, chefe de departamento do Banco Central, disse que mesmo que o recuo tenha sido marginal, o movimento na modalidade de crédito demonstra o impacto do programa de renegociação de dívidas que foi lançado pelo governo Lula em junho.
Foi notado neste período que as taxas para pessoas físicas tiveram redução de inadimplência e isso pode ter sido influência do programa no mercado financeiro do país. Além disso, Rocha diz que ainda é difícil mensurar o efeito do Desenrola, porque as negociações dos devedores com os bancos envolve um grande número de operações com baixos valores.
Por exemplo, se fosse uma empresa com um evento de crédito de bilhões de reais, seria mais fácil mensurar os dados. Mas, o programa que fez com que a inadimplência de pessoas físicas tem queda em julho, tem o objetivo contrário.
O foco do programa é uma quantidade grande de operações, mas com valores individuais pequenos. Porém, ainda sim pode ter impacto na redução da inadimplência de modalidades específicas de crédito para as pessoas físicas.
Bancos repactuaram mais de 1,5 milhões de contratos
No último mês, de 17 de julho a 18 de agosto, os bancos brasileiros repactuaram mais de 1,5 milhões de contratos de acordo com a Federação Brasileira de Bancos, a Febraban. Aliás, neste mesmo período, na faixa 2 do Desenrola, R$ 9,5 bilhões foram negociados. Assim, inclui cidadãos com renda de dois salários mínimos até R$ 20 mil.
Ainda de acordo com o Banco Central, mais de seis milhões de clientes que possuíam dívidas de até R$ 100 tiveram os seus nomes limpos pelas instituições financeiras, o que também colabora com a queda da inadimplência.
Os dados do Banco Central ainda apontaram que a inadimplência no crédito livre alcançou a taxa de 5% em julho, contra 4,9% que estava no mês anterior, que foi puxada pelo segmento de pessoas jurídicas.
Já na carteira de crédito para empresas, a inadimplência atingiu o patamar de 3,3%, com um aumento mensal de 0,2 ponto percentual. Aliás, isso está concentrado no desconto de duplicatas e recebíveis, com elevação da 0,9 ponto no mês.
Essa modalidade está ligada ao risco sacado, uma operação muito tradicional no varejo brasileiro. Assim, por meio dela se desconta ou securitiza o fluxo de vencimentos da empresa. Além disso, esteve no centro da crise das Americanas.
Inadimplência de pessoas físicas tem queda em julho, mas outras áreas aumentaram
Embora a notícia de que a inadimplência de pessoas físicas tem queda em julho, houve algumas áreas com resultados não tão positivos. Por exemplo, a inadimplência no desconto de duplicatas e recebíveis, que era de 0,4% no ano anterior, atingiu 3,7% em julho de 2023.
Dessa forma, houve um aumento de 3,3 pontos percentuais nos 12 meses, sendo que a alta se tornou ainda mais expressiva em abril, três meses após a eclosão da Americanas, a grande varejista.
É válido destacar que na metodologia do Banco Central, só é considerado inadimplência o atraso de pagamento superior a 90 dias. Por exemplo, você tem um evento de crédito em janeiro, mas a empresa não consegue pagar, então, em abril isso começa a afetar a taxa de inadimplência.
A inadimplência para as demais modalidades tem estado estável e pode-se dizer que isso tem um efeito circunscrito a essa modalidade, o desconto de duplicatas e recebíveis.
Em relação à Americanas, ela entrou em recuperação judicial no dia 19 de janeiro, com dívidas que somavam R$ 43 bilhões, mais de 16 mil credores e apenas R$ 800 milhões declarados em caixa. Isso se deu uma semana após a divulgação do escândalo contábil de R$ 20 bilhões.
A inadimplência de pessoas físicas tem queda em julho e isso faz com que o mercado tenha boas expectativas para o fim do ano. Portanto, é necessário aguardar as próximas notícias para verificar as mudanças na taxa.