Os brasileiros que pagam aluguel receberam mais uma notícia negativa nesta quarta-feira (29). O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), popularmente conhecido como inflação do aluguel, subiu pelo terceiro mês consecutivo, pressionando ainda mais a renda das pessoas.
Em resumo, o IGP-M teve alta de 0,59% em novembro, após subir 0,50% em outubro e 0,37% em setembro. Os resultados sucederam cinco meses de queda, período em que os consumidores do país aproveitaram preços cada vez mais acessíveis dos alugueis.
Aliás, os últimos meses de 2022 já mostravam desaceleração do IGP-M, com a inflação do aluguel apresentando variações bem modestas. No início deste ano, os preços do setor continuaram desacelerando, até que começaram a cair em abril, algo que se repetiu até agosto. Entretanto, o indicador mudou a trajetória e voltou a subir no país.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, divulgou os dados nesta segunda-feira (30).
Você sabe o que é IGP-M?
Em síntese, o IGP-M funciona como um indexador de contratos, incluindo os de locação de imóveis. No entanto, o índice não fica limitado a aluguéis, pois também é utilizado para reajustes de contratos de tarifas públicas e seguros, por exemplo.
Além disso, o indicador também influencia mensalidades de escolas e universidades, tarifa de energia elétrica e planos de saúde. Em outras palavras, o IGP-M é muito importante para diversos segmentos da sociedade, influenciando-os de maneira direta.
Embora os preços tenham subido pelo terceiro mês seguido, o índice acumula uma queda de 3,89% em 2023 e de 3,46% nos últimos 12 meses. Isso quer dizer que os preços de locação de imóveis estão mais baratos neste ano, na comparação com 2022.
Inclusive, o IGP-M acumulava um forte avanço de 5,90% nos últimos 12 meses até novembro de 2022, resultado bem diferente do atual. Logo, a população que vive de aluguel está se beneficiando em 2023 com preços mais acessíveis do que no ano passado, apesar das recentes elevações nos valores.
IGP-M abrange três índices
Em suma, a variação do IGP-M se dá por três indicadores:
- Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA);
- Índice de Preços ao Consumidor (IPC);
- Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).
Em novembro, todos os três indicadores ficaram positivos, na comparação com outubro. Esse resultado continuou mantendo o IGP-M, no campo positivo, representando o aumento dos preços para os brasileiros. Aliás, dois dos três componentes aceleraram, impulsionando a taxa do indicador.
Preços ao produtor aceleram em novembro
Em resumo, o IPA exerce o maior impacto no IGP-M, respondendo por cerca de 70% do índice. Por isso, o indicador considerado a inflação do aluguel tende a apresentar variações semelhantes a do IPA.
Em novembro, o indicador subiu 0,71%, acelerando em relação a outubro, quando o indicador subiu 0,60%. O Coordenador dos Índices de Preços do FGV IBRE, André Braz, revelou que os preços ao produtor foram impulsionados, principalmente, pelas commodities.
“No mês de novembro, observou-se um incremento substancial nos preços de commodities componentes do índice ao produtor. Destacam-se, os significativos aumentos no preço do farelo de soja, ascendendo de 0,51% para 5,41%, e no café em grão, que apresentou uma variação de -1,60% para 6,36%“, disse Braz.
“Salienta-se também a contribuição expressiva do óleo Diesel, com uma elevação de 6,56%“, acrescentou. A saber, os combustíveis exercem forte influência na taxa inflacionária do Brasil. Por isso, quanto mais altos os seus preços, mais forte tende a ficar a inflação.
Clima pressiona índice ao consumidor
Da mesma forma que o IPA, o IPC também subiu em novembro, acelerando de 0,27% para 0,42%. Segundo Braz, “a inflação ao consumidor avançou sob influência de fatores climáticos que impactaram negativamente a oferta de alimentos in natura“.
“Entre os destaques, observa-se a variação expressiva na cebola, de -5,20% para 38,53%, e na batata-inglesa, que evoluiu de -5,40% para 20,94%“, explicou o coordenador.
Em suma, quatro das oito classes de despesas pesquisadas pelo FGV IBRE tiveram alta no mês, impulsionando o IPC. Os grupos que registraram aceleração em suas taxas foram alimentação (-0,39% para 0,58%), despesas diversas (-0,06% para 1,29%), saúde e cuidados pessoais (0,21% para 0,29%) e habitação (0,19% para 0,20%).
Os itens que impulsionaram a taxa de cada um destes grupos foram, respectivamente: hortaliças e legumes (-2,46% para 7,58%), serviços bancários (0,12% para 2,19%), salão de beleza (0,13% para 0,62%) e tarifa de eletricidade residencial (-0,03% para 0,97%).
Inflação da construção desacelera no mês
Por fim, o terceiro indicador que compõe o IGP-M registrou leve desaceleração em novembro, mas ainda ajudou a impulsionar o IGP-M no mês. Contudo, este é o componente que exerce a menor influência na inflação do aluguel.
A saber, o INCC variou 0,10% em novembro, desacelerando em relação a outubro (0,20). Em suma, o resultado do indicador foi enfraquecido pela variação de um dos três grupos componentes do INCC. As oscilações foram as seguintes: materiais e equipamentos (0,07% para -0,17%), serviços (0,79% para 0,39%) e mão de obra (0,29% para 0,42%).