IDEC critica liberação do consignado do Auxílio Brasil do Governo

IDEC critica liberação do consignado do Auxílio Brasil do Governo Federal

Em declaração, membros do Instituto afirmam que texto que regulamenta o consignado do Auxilio Brasil teria uma série de problemas

Nesta terça-feira (27), o Ministério da Cidadania publicou a regulamentação oficial do texto que libera o consignado para os usuários do programa Auxílio Brasil do Governo Federal. O documento estabelece uma série de regras para a liberação do saldo. A publicação no Diário Oficial da União (DOU) era o último passo antes do início do processo.

No documento, o Governo Federal deixa claro que a margem consignável do benefício será de 40%, e os cidadãos poderão parcelar a dívida em até 24 meses. Além disso, o Ministério decidiu definir um teto para a taxa de juros, que será de 3,5%. Desde que realizou a publicação, o poder executivo vem sofrendo algumas críticas.

Quem puxou a fila de reclamações sobre a regulamentação foi o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Em declarações recentes, membros do órgão criticaram o texto. Um dos principais pontos de crítica gira em torno da proibição da publicidade ativa, que impede que instituições liguem para os usuários oferecendo o empréstimo, mas não explica como este processo seria controlado.

As críticas do Idec

A coordenadora do programa de Serviços Financeiros do Idec, Ione Amorim, deu a sua opinião sobre o assunto. “Proibir não quer dizer que vai afastar. A informação hoje está na mão de influenciadores digitais, nos aplicativos, e correndo de forma rápida em rede social. Há grupos de WhatsApp para essa finalidade. É proibido, mas como? Como isto será monitorado?”, disse ela.

“Por que forçar este momento ? É temerário. As pessoas poderiam ter um acesso antes e um acesso depois de forma mais estruturada. A gente está falando de um cenário econômico do país com inflação alta, pessoas endividadas, muito endividadas, sem emprego, com dificuldade de acesso”, seguiu a coordenadora.

“A gente está falando de pessoas que entram nesse programa com restrição alimentar por falta de políticas públicas. Então querer trazer um recurso que terá este efeito imediato e que deixará um rastro de endividamento é uma medida extremamente abusiva. Não se pode descartar o caráter eleitoreiro. Infelizmente é uma medida política, que não traz nenhum benefício para quem vai tomar esse crédito agora nessa onda de oba-oba eleitoral”, completou.

Como funciona o consignado

O consignado do Auxílio Brasil do Governo Federal vai funcionar nos mesmos moldes que são vistos hoje para segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O cidadão solicita um dinheiro e passa a ter que pagar de volta na forma de descontos.

Dessa forma, não existe uma maneira de não pagar a dívida. Os descontos acontecem de maneira automática. Assim, ao invés de receber R$ 400 por mês, o usuário vai começar a sentir um abatimento deste valor até que ele quite a dívida por completo.

O Governo também disse nesta regulamentação que não é responsável pelos pagamentos do benefício. Assim, se um cidadão é excluído do programa, é ele quem precisa prestar contas com o banco que ofereceu o consignado.

Semana das eleições

É importante notar que a regulamentação do consignado do Auxílio Brasil está acontecendo exatamente na semana das eleições. O primeiro turno da disputa presidencial está marcado para acontecer já no domingo (2).

O Governo Federal nega que o projeto tenha cunho eleitoral, como acusou o Idec. Em entrevista recente, o Ministro da Cidadania, Ronaldo Vieira Bento, disse que a ideia é apenas ajudar no processo de bancarização dos mais pobres para que eles não busquem empréstimos com agiotas.

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