O Governo Federal pretende reformular o Bolsa Família completamente. As mudanças totais começariam a valer a partir do próximo mês de novembro. Nesta segunda-feira (10), aliás, eles enviaram o texto do programa para o Congresso Nacional. E acontece que o projeto está levantando uma série de críticas de vários setores.
Em entrevista para o jornal O Estado de São Paulo, o economista Ricardo Paes de Barros foi um dos que engrossaram essas críticas. Ele, que foi um dos idealizadores do Bolsa Família da época do PT, disse que a ideia do Governo Federal até é boa, mas ele acredita que o conceito não estaria tão bem desenhado.
“A mudança tenta avançar em uma série de questões importantes, mas faz isso de maneira inadequada. O desenho não é o melhor, mas também não tivemos acesso aos estudos que levaram ao projeto” disse ele na entrevista para o jornal. Logo depois, ele disse que é preciso olhar para a questão da fila de espera do programa.
“Há coisas importantes para um benefício de combate à pobreza no Brasil e que não aparecem nesta medida provisória. Nada disso vai funcionar direito, se a gente não aperfeiçoar a fila dos que esperam para ter acesso ao Bolsa Família hoje”, disse o economista sem citar nomes do Governo Federal.
De acordo com o Ministério da Cidadania, cerca de 2 milhões de brasileiros estão nessa fila de espera para receber o Bolsa Família. São pessoas que passaram por uma aprovação nas suas contas mas que, por algum motivo, não estão recebendo o dinheiro do programa ainda. Pelo menos é isso que o próprio Governo Federal está dizendo.
Sobre o crédito consignado
O idealizador do Bolsa Família também falou sobre a proposta de pagar um crédito consignado para as famílias do programa. Ele disse que a ideia não é ruim, mas o Governo precisaria ter atenção com as cobranças.
“Desde que se faça isso dentro de um padrão mínimo, mantendo a proposta de parcelas de até 30% do valor do benefício, pode ter alguma vantagem”, disse ele ainda na entrevista em questão para o jornal O Estado de São Paulo.
“Mas isso não resolve a questão da inclusão produtiva, que é alcançada com o protagonismo dos mais jovens e a melhoria da formação deles. E, novamente, esse programa proposto não tem essa perna”, completou ele.
Auxílio com bônus para jovens
Ricardo Paes também comentou a questão do pagamento de bônus para as famílias que tenham filhos com bons desempenhos escolares. O Governo quer premiar os estudantes que tirem boas notas nas escolas ou que tenham boas performances esportivas.
“É uma ideia legal, mas focar a atenção em esportes e iniciação científica acaba reduzindo o benefício para apenas dois comportamentos de mérito”, disse ele. “O governo deveria dar uma cota de prêmios para cada conjunto de escolas e elas escolheriam entre vários méritos que os jovens podem ter”, completou.
“É outra ideia que também peca pela falta de articulação com escolas, estados e municípios”, completou ele. A ideia do Governo Federal é começar os pagamentos do novo Bolsa Família a partir do próximo mês de novembro.