Na sessão desta quarta-feira (30), o Ibovespa voltou a cair, após duas altas consecutivas. O indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira, refletiu as incertezas dos investidores com o cenário político doméstico.
Em resumo, o indicador caiu 0,73%, a 117.535 pontos. Com isso, reduziu os ganhos na semana, para 1,47%, mas aumentou as perdas em agosto, que chegaram a 3,61%. Aliás, esse resultado é considerado até bom para o Ibovespa, que caiu na maioria absoluta dos pregões realizados neste mês.
A saber, o Ibovespa subiu em apenas cinco das 22 sessões realizadas em agosto, ou seja, caiu em 17 pregões. O indicador chegou a cair por 13 pregões consecutivos, maior sequência de quedas já registrada na história. Contudo, as perdas acumuladas no mês não são muito significativas, ao menos não para tantos recuos assim.
Em 2023, o indicador reserva ganhos de 7,11%, o que evidencia a força do mercado acionário nos primeiros meses deste ano. Aliás, o Ibovespa chegou a acumular alta de mais de 11% entre janeiro e julho, mas o mês de agosto não foi bom para o mercado acionário nacional, que caiu em 77% dos pregões realizados.
Cenário político doméstico enfraquece Ibovespa
Na sessão de hoje (30), os dados internos enfraqueceram o Ibovespa. Em suma, o cenário político continua preocupando os investidores, que estão atentos ao Governo Federal. O Planalto tem até esta quinta-feira (31) para enviar o Orçamento de 2024 ao Congresso Nacional, e ainda há muitas incertezas sobre o documento.
O governo vem afirmando que irá zerar o déficit público em 2024, mas os analistas estão considerando esse objetivo muito ousado. Na verdade, isso só poderá acontecer se o governo elevar a arrecadação federal, mas, até agora, não há indício de como isso irá acontecer.
Neste ano, o governo vem se mostrando disposto a cortar gastos para que o primeiro ano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fique marcado por dados positivos. Todavia, o Congresso também está se mostrando disposto a aumentar os impostos, caminho que pode ser tomado pelo governo, apesar da relutância da equipe política em fazer isso.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, garantiu que o orçamento está equilibrado. Entretanto, outros ministros já defenderam uma mudança na meta do Executivo, sugerindo a elevação do déficit público para até 0,75 do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o jornal Valor Econômico.
Novo arcabouço fiscal também gera incertezas
Nas últimas sessões, os investidores repercutiram os desafios envolvendo o novo arcabouço fiscal, aprovado na Câmara dos Deputados no último dia 22 de agosto. Ainda há muitas incertezas envolvendo a regra fiscal, apesar do otimismo dos investidores com os impactos positivos que ela poderá proporcionar.
O novo arcabouço fiscal é a principal aposta do governo Lula para equilibrar as contas públicas e diminuir e estabilizar a dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O mecanismo ficará no lugar do teto de gastos, atual regra que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior.
Além disso, o mercado repercutiu a medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde da última segunda-feira (28). Em síntese, o documento cria alíquotas de 15% e 20% sobre os rendimentos dos mais ricos. Trata-se da tributação dos fundos exclusivos e o capital aplicado em offshores, cuja tema será votado pelo Congresso Nacional.
62 das 85 ações do Ibovespa caem na sessão
Na sessão de hoje, 62 das 85 ações listadas no Ibovespa caíram, evidenciando a disseminação das quedas no dia. A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 12 bilhões nesta sessão, valor bem menor que a média diária de agosto, de R$ 17,5 bilhões. O resultado refletiu a aversão dos investidores ao mercado acionário brasileiro.
A saber, as ações da mineradora Vale respondem por mais de 12% da carteira teórica do Ibovespa. Por isso, estes papeis impactam de maneira significativa a variação do indicador. Nesta quarta-feira, as ações da mineradora andaram de lado, subindo apenas 0,02%.
Por sua vez, as ações da Petrobras respondem por cerca de 12% da carteira do Ibovespa. No pregão de hoje, as ações ordinárias (ON) caíram 0,08%, enquanto os papéis preferenciais (PN) subiram 0,68%. No geral, o resultado também não influenciou de maneira significativa o Ibovespa.
A propósito, os maiores avanços do dia foram os seguintes:
- CVC Brasil ON: 17,09%;
- Dexco ON: 3,03%;
- CSN Mineração ON: 2,84%.
Os acionistas preferenciais não têm qualquer controle ou poder de decisão sobre o futuro da empresa. No entanto, os acionistas ordinários podem exercer algum controle sobre a empresa.