O Ibovespa iniciou a semana em queda, pressionado pelos títulos norte-americanos, que continuam aquecidos nos EUA. O cenário atrativo na maior economia do planeta segue retirando capital das bolsas de valores ao redor do mundo, e os países emergentes, como o Brasil, acabam sofrendo mais que os demais.
No pregão desta segunda-feira (2), o Ibovespa caiu 1,29%, a 115.057 pontos. Embora tenha recuado na sessão, o indicador ainda reserva ganhos de 4,85% em 2023, o que evidencia a força do mercado acionário.
Aliás, o indicador chegou a acumular alta de mais de 11% entre janeiro e julho, mas caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, eliminando quase metade destes ganhos.
Vale destacar que foi em agosto que o Ibovespa teve a maior sequência de quedas já registrada na história, recuando por 13 pregões consecutivos. No entanto, as perdas acumuladas no mês foram de “apenas” 5,1%, queda considerada pequena para a quantidade de sessões no campo negativo.
Títulos americanos enfraquecem o Ibovespa
Nos últimos dias, os investidores buscaram com mais intensidade os títulos norte-americanos, considerados os ativos mais seguros do mundo. Em resumo, o mercado considera esses papeis muito seguros, pois as chances de calote do governo dos EUA são praticamente nulas.
Quando o cenário internacional está pessimista, com dados econômicos mais fracos que o esperado, os investidores tendem a buscar ativos mais seguros. Dessa forma, protegem-se de eventuais acontecimentos negativos, que podem levar governos a dar calote nos investidores.
Nesta segunda-feira (2), a busca pelos títulos americanos não deu trégua, apesar do acordo entre democratas e republicanos. Em síntese, os Estados Unidos poderão ampliar seu endividamento e evitar que serviços públicos sejam suspensos, mas o acordo só dura 45 dias.
Na semana passada, os ativos atingiram os maiores rendimentos em 15 anos. Isso é um fator bastante atraente para os investidores, que acabam retirando recursos das bolsas de valores pelo mundo, como o Ibovespa, e alocando nos EUA.
Recessão econômica global segue no radar
Nesta semana, as preocupações dos investidores superaram o otimismo, principalmente porque ganharam força os temores em torno de uma recessão econômica global. Isso provocou uma fuga para ativos mais seguros, o que fez o Ibovespa cair mais de 1% na sessão de hoje (2).
Esses temores estão crescendo, porque os investidores acreditam que Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, poderá aumentar os juros no país em sua próxima reunião. Atualmente, a taxa está no maior patamar em mais de 20 anos.
O governo americano deverá divulgar nesta semana os dados mais recentes sobre o mercado de trabalho. Em suma, caso as informações mostrem fortalecimento do trabalho, isso poderá indicar o aumento do volume de dinheiro na mão da população, e, consequentemente, a alta da inflação no país.
Para quem não sabe, os bancos centrais elevam os juros para conter a inflação. O problema é que os juros enfraquecem a economia, e o mercado não deseja que a maior economia do planeta entre em recessão, pois isso poderá afetar todo o mundo. Em meio a isso, o Ibovespa caiu na sessão, e poderá cair ainda mais ao longo de outubro, caso as preocupações se mantenham elevadas.
71 das 86 ações do Ibovespa caem na sessão
Na sessão de hoje (2), 71 das 86 ações listadas no Ibovespa caíram, resultado que mostra a disseminação das quedas no dia, e isso se refletiu no recuo firme registrado pelo indicador no pregão. A propósito, o Ibovespa é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira.
A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 12 bilhões no pregão de hoje, 40% abaixo da média dos últimos 12 meses, de R$ 20 bilhões.
Existem duas empresas muito importantes para o indicador, que concentram mais de um quarto das ações listadas na carteira teórica mais famosa do país. Por isso, os investidores ficam atentos a estas empresas para saber se o indicador vai subir ou cair na sessão.
A primeira empresa é a mineradora Vale, cujas ações respondem por cerca de 15% da carteira do Ibovespa. Em síntese, os papéis da mineradora tiveram uma variação pouco significativa no dia, e não influenciaram de maneira intensa o indicador.
Por outro lado, a segunda empresa que sempre fica no radar dos investidores é a Petrobras, cujos papéis respondem por cerca de 11,6% da carteira do Ibovespa. No dia, as ações ordinárias (ON) da estatal caíram 1,50%, enquanto os papeis preferenciais (PN) recuaram 1,90%. Esse resultado puxou o indicador para baixo, fortalecendo a queda no dia.
Por fim, cabe salientar que os acionistas preferenciais não têm qualquer controle ou poder de decisão sobre o futuro da empresa. No entanto, os acionistas ordinários podem exercer algum controle sobre a empresa.