O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta semana a mais nova estimativa para a safra de grãos de 2023. Após encolher em fevereiro, os dados seguiram a trajetória inversa e voltaram a crescer em março, em relação à última projeção do IBGE.
De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a produção nacional de grãos, cereais, leguminosas e oleaginosas deve totalizar 299,7 milhões de toneladas neste ano.
A última estimativa apontava para uma safra de grãos de 298 milhões de toneladas em 2023. Isso quer dizer que as projeções para a colheita cresceram 0,5% em relação a fevereiro, variação que corresponde a 1,6 milhão de toneladas.
Já na comparação com a safra obtida em 2022, a colheita neste ano terá um crescimento de 13,9%. Isso representa um aumento de 36,5 milhões de toneladas em relação à colheita brasileira do ano passado.
Vale destacar que essa estimativa do IBGE representa um recorde para a safra de grãos do Brasil. Aliás, o IBGE também prevê que as safras de soja e milho registrem os maiores níveis históricos em 2023, impulsionando assim a safra nacional de grãos.
“O clima está bom na maioria das Unidades da Federação produtoras, assim como os preços, o que leva o produtor a ampliar a área plantada. Na primeira safra, ele aumenta a produção da soja; na segunda, a do milho. Essa é a segunda maior estimativa e recorde da série histórica. A produção de milho e de soja também são recordes”, explicou o gerente da pesquisa, Carlos Barradas.
“Mas tivemos um declínio de 1,8% na estimativa de produção do arroz devido a problemas climáticos no Rio Grande do Sul. Também houve declínio na produção de soja e milho no estado, mas que foi compensado pelo aumento da produção no Mato Grosso e no Paraná“, disse Barradas.
Produção da soja deve crescer 23,2%
Segundo o IBGE, a produção de soja deve totalizar 147,2 milhões de toneladas neste ano. Isso representa uma disparada de 23,2% na comparação com a safra de 2022. Inclusive, o aumento ficou tão expressivo assim devido às dificuldades enfrentadas em 2022, que tornaram enfraqueceram a base de comparação.
Já em relação ao milho, a estimativa do IBGE ficou em 119,8 milhões de toneladas. Em resumo, esse valor se divide nas duas safras do grão, com a 1ª safra devendo totalizar 27,9 milhões de toneladas e a 2ª safra chegar a 91,9 milhões de toneladas de milho. As novas projeções representam uma alta firme de 10,2% em relação à colheita de 2022.
Outro destaque dessas novas estimativas foi o trigo. Segundo o IBGE, a estimativa para a produção do grão chegou a 9,8 milhões de toneladas. Em suma, isso corresponde a um crescimento de 13% em relação às projeções anteriores do IBGE, mas o volume deve ficar 2,6% menor que o observado em 2022.
“Devido à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, dois grandes produtores, está havendo oportunidades para o aumento da produção e das exportações do trigo brasileiro. O Paraná aumentou em 33,2% a estimativa da produção do trigo, devido a um aumento de 14,1% na área e de 16,8% na produtividade“, disse o gerente da pesquisa.
Inclusive, o trigo registrou o maior avanço em relação às projeções anteriores do IBGE. Outros acréscimos importantes vieram de cevada (11,7%), café canephora (2,9%) e tomate (2,4%).
Em contrapartida, os principais recuos foram registrados nas estimativas da produção do milho 1ª safra (-2,8%), do fumo (-1,8%), do arroz em casca (-1,8%) e do feijão 2ª safra (-1,3%).
Centro-Oeste lidera ranking nacional
Além disso, o IBGE revelou que, entre as regiões do país, o Sudeste apresentou estabilidade em suas estimativas frente o prognóstico anterior. Por sua vez, houve alta nas projeções para o Centro-Oeste (2,9%), o Norte (1,6%) e o Nordeste (0,2%), mas as estimativas recuaram para o Sul (-3,2%).
Em relação à safra de grãos de 2022, todas as regiões brasileiras deverão apresentar dados mais positivos neste ano. O principal destaque deverá ser o Sul, cuja produção estimada para 2023 deverá ter um forte crescimento de 28,4%. Em seguida, e bem distantes do avanço percentual da região Sul, devem ficar Norte (12,9%), Centro-Oeste (11,6%), Nordeste (2,5%) e Sudeste (1,0%).
“No ano passado a seca no Rio Grande do Sul foi ainda mais grave. Este ano vem ocorrendo uma recuperação, apesar do clima. O Estado é nosso terceiro maior produtor de grãos“, disse Barradas.
Aliás, a produção no estado gaúcho tem sofrido com os efeitos do fenômeno La Niña, impactada principalmente pela estiagem, que ajudou a reduzir as estimativas de março do IBGE para a região.
Por fim, as estimativas para a safra de grãos são divulgadas mensalmente pelo IBGE. Por isso, todas as estimativas são passíveis de alterações no decorrer deste ano.